As ervas devem ser colhidas em seu hábitat natural, em seu estado nativo; devem ser observadas as influências dos ciclos lunares, horário do dia e estações do ano, também, para sua coleta. Devem ser cuidadosa e amorosamente selecionadas e suasecagem feita de acordo com os aspectos de cada vegetal. Todos estes fatoresinfluenciam de maneira significa-tiva, na atuação destas ervas no ser humano, somados também aos componentes bioquímicos de cada exemplar do reino vegetal. Utilizar-se de plantas para alimentação ou cura é uma relação homem/vegetal que existe há muito tempo. E hoje quanto mais nos tornamos íntimos deste processo, mais esta-remos aproximando-nos da pureza e da origem de nossa vida; nosso físico purifica-se e abre-se a oportunidade para uma harmonia mais completa.
As ervas, pôr conservarem características naturais e os processos de obtenção serem artesanais e harmônicos, mantém características próprias e mais sutis que poderão não assemelhar-se com “produtos comerciais”, obtidos pôr outros processos e intenções.
A colheita e secagem
As espécies medicinais, no que se refere à produção de princípios ativos, apresentam alta variabilidade no tempo e espaço. O ponto de colheita varia segundo órgão da planta, estágio de desenvolvimento, hora do dia, semana do mês e época do ano.
A distribuição das substâncias ativas, numa planta, pode ser bastante irregular, assim, alguns grupos de substâncias localizam-se preferencialmente em órgãos específicos do vegetal.
O estágio de desenvolvimento também é muito importante para que se determine o melhor momento para a colheita, principalmente em plantas perenes e anuais de ciclo longo, onde a máxima concentração é atingida a partir de certa idade e/ou fase de desenvolvimento.
Há uma grande variação na concentração de princípios ativos durante o dia: os alcalóides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, os glicosídeos à tarde.
Também a época do ano exerce modificações nos teores de princípios ativos, assim a colheita de raízes no começo do inverno ou no início da primavera (antes da brotação), são citados como melhores épocas.
As cascas são colhidas quando planta está completamente desenvolvida, ao fim da vida anual ou antes da floração (nas perenes), nos arbustos as cascas são separadas no outono e, nas árvores, na primavera.
No caso de sementes recomenda-se esperar até o completo amadurecimento, no caso de frutos deiscentes (cujas sementes caem após o amadurecimento), a colheita deve ser antecipada.
Os frutos carnosos com finalidade medicinal são coletados completamente maduros. Os frutos secos, como os aquênios, podem cair após a secagem na planta, por isso recomenda-se antecipar a colheita.
Deve-se salientar que a colheita das plantas em um determinado momento tem o intuito de obter o máximo teor de princípio ativo, no entanto, na maioria das vezes, e em casos de necessidade de urgência, nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto de colheita para uso imediato.
Como colher
Uma vez determinado o momento correto, deve-se fazer a colheita com tempo seco, de preferência, e sem água sobre as partes, como orvalho ou água nas folhas. Assim a melhor hora da colheita é pela manhã, logo que secar o orvalho das plantas.
O material colhido é colocado em cestos e caixas; deve-se ter o cuidado de não amontoá-los ou amassá-los, para não acelerar a degradação e perda de qualidade.
Deve-se evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, fora do padrão, com terra, poeira, órgãos deformados, etc.
Durante o processo de colheita é importante evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e folhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol.
Imediatamente após a colheita o material deve ser encaminhado para a secagem.
Processamento pós-colheita
Normalmente após a colheita das plantas pode-se fazer o uso direto do material fresco, extrair substâncias ativas e aromáticas do material fresco (tinturas) ou a secagem.
Cuidados que antecedem a secagem
Antes da secagem, deve-se adotar alguns procedimentos básicos para a boa qualidade do produtos:
- Não se deve lavar as plantas previamente antes da secagem, exceto no caso de raízes e rizomas que devem ser lavados;
- Deve-se separar as plantas de espécies diferentes;
- As plantas colhidas e transportadas ao local de secagem não devem receber raios solares;
- Antes de submeter as plantas à secagem, deve-se fazer a eliminação de impurezas (terra, pedras, outras plantas, etc) e partes da planta que estejam em condições indesejáveis (sujas, descoloridas ou manchadas, danificadas…);
- As plantas colhidas inteiras devem ter cada parte (folhas, flores, sementes, frutos e raízes) colocadas para secar em separado, e conservadas depois em recipientes separados;
- Quando as raízes são volumosas, pode-se cortá-las em pedaços ou fatias para facilitar a secagem;
- Para secar as folhas, a melhor maneira é conservá-las com seus talos, pois isto preserva suas qualidades, previne danos e facilita o manuseio. Folhas grandes devem ser secas separadas do caule.
Nas folhas com nervura principal muito espessa, estas são removidas para facilitar a secagem.
Secagem
O consumo de plantas medicinais frescas garante ação mais eficaz dos princípios curativos, entretanto, nem sempre se dispõe de plantas frescas para uso imediato, e a secagem possibilita conservação quando bem conduzida.
A redução do teor de água durante a secagem, impede a ação enzimática e consequente deterioração.
O órgão vegetal, seja folha, flor, raiz, casca, quando recém colhido se apresenta com elevado teor de umidade e substratos, o que concorre para um aumento na ação enzimática, que compreende diversas reações. Estas reações são reduzidas à medida que se retira água do órgão, pois a redução de umidade do meio é o melhor inibidor da ação enzimática. Daí a necessidade de iniciar a secagem imediatamente após a colheita.
A secagem reduz o peso da planta, em função da evaporação de água contida nas células e tecidos das plantas, promovendo o aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso inicial da planta. Daí dever-se utilizar menor quantidade de plantas secas do que frescas. No entanto, esta percentagem varia com a idade da planta e condições de umidade do meio.
Secagem natural
A secagem natural é um processo lento, que deve ser conduzido à sombra, em local ventilado, protegido de poeira e do ataque de insetos e outros animais. Este processo é recomendado para regiões que tenham condições climáticas favoráveis, relacionadas principalmente a alta ventilação e temperatura, com baixa umidade relativa.
O secador de temperatura ambiente dá bons resultados em climas secos e quentes quando na época da colheita e secagem. Constitui-se numa sala ou salão com um telhado de duas águas. Dentro, deve conter estruturas de madeira ou metal, onde se apoiam as plantas em feixes ou em bandejas.
Deve-se espalhar o material a ser seco em camadas finas, permitindo assim a circulação de ar entre as partes vegetais, o que favorece a secagem mais uniforme. Para isto podem ser utilizadas bandejas com moldura semelhantes. Quando a secagem é muito lenta, pode-se fazer cuidadosa movimentação das plantas sobre as bandejas, evitando-se danos, principalmente se o material está muito úmido.
Outra maneira prática é dependurar as plantas em feixes pequenos amarrados com barbante. Os feixes devem ficar afastados entre si.
As plantas secas nestas condições vão ter um teor de umidade em equilíbrio com a umidade relativa do ambiente. Se esta for baixa, tanto menor vai ser o teor de umidade ao final da secagem, o que melhora a conservação do material seco.
Secagem artificial
Aconselhável somente no caso de usa-la para o término da secagem, quando o dia fica chuvoso e a umidade do ar e do ambiente aumenta, comprometendo a qualidade do produto que esta sendo seco.
A secagem artificial consiste em manter sob ventilação a uma temperatura de 35 a 40ºC. As temperaturas acima de 45ºC danificam os órgãos vegetais e seu próprio conteúdo, pois proporcionam uma “cocção” das plantas e não uma secagem, apesar de inativarem mais rapidamente as enzimas.
Armazenamento e embalagem
O material está pronto para ser embalado e guardado quando começa a ficar levemente quebradiço. O teor de umidade ideal após a secagem deve ser de 5 a 10% para folhas e flores, para cascas e raízes esta umidade varia entre 12 e 20%.
O período de armazenagem deve ser o menor possível, para reduzir as perdas de princípios ativos. Preferencialmente o local deve ser escuro, arejado e seco, sem acesso de insetos, roedores ou poeira.
O acondicionamento do material vai depender do volume produzido e do tempo que se pretende armazená-lo. Serão necessários estudos para avaliar os diversos tipos de embalagens e o período de conservação máximo.
Pequenas quantidades de plantas podem ser colocadas em potes de vidro que também permitem boa conservação. Em todos os casos não se recomenda colocar próximas as embalagens de espécies diferentes (principalmente as fortemente aromáticas) ou depositar diretamente sobre o piso (colocar sobre estrados próprios ou dependurar).
O material, antes de ser armazenado, deve ser inspecionado quanto à presença de insetos e fungos. Durante o armazenamento deve-se repetir com frequência tais inspeções. No caso de ataque recomenda-se eliminar o material, não se aconselha o expurgo com inseticidas das instalações em presença das ervas, uma vez que não existe registro, para plantas medicinais, dos produtos normalmente utilizados nestas operações.
Princípios ativos
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes da água e da luz que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende muito da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, “Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica”.
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada desde que não apresente efeito tóxico.
Principais grupos de princípios ativos, grupo de propriedades medicinais e/ou tóxicas
Uma pequena planta não tem apenas um principio ativo, ela é composta bioquimicamente pôr diversos grupos químicos, que em função de sua estrutura dentro da planta, sua qualidade energética e vital complexas combinações e possibilitam diversas aplicações.
A seguir veremos os principais princípios ativos e sua ação junto ao metabolismo e a estrutura orgânica do ser humano. Isto possibilita identificarmos diversas plantas com estes agentes bioquímicos tornando possível uma variação maior na composição de agentes fitoterápicos.
Alcalóides
Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo,estimulante, anestésico, analgésicos). Alguns podem ser cancerígenos e outros antitumorais. Ex.: Cafeína do café e guaraná, teobromina do cacau, pilocarpina do jaborandi, etc.
Fenóis
Apresentam potente atividade antimicrobiana, são bastante encontrados nos óleos essenciais. Exemplos:
- salicilatos – propriedades antinflamatórias;
- ácidos fenólicos – propriedades antioxidantes, anti-sépticas, anti-radicais livres, calmantes e suavizantes (viola tricolor, carvalho).
Flavonóides
Compostos aromáticos, responsáveis pela maioria dos corantes amarelos, vermelhos e azuis naturais. Tem propriedades estimulantes da circulação e agem na redução da fragilidade dos capilares.A ntinflamatório, fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, anti-dematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico, antihepatotóxico, colerético e antimicrobiano.
A quercetina é um flavonol com propriedades de absorver radicais livres e aumentar a circulação sangüínea periférica (calendula). Facilitam a absorção da vitamina C. Ex.: rutina (em arruda e favela).
Mucilagens
Substancias macromoleculares de natureza glicídica. Em presença de água incham e tomam aspectos viscosos, são encontrados em plantas terrestres e marinhas (ex.: celulose, pectina, alginatos). Agem como inativadores de algumas toxinas, diminuem a irritabilidade da pele, calmante e suavizante.
Óleos essenciais
Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e antiespasmódico. Ex.: mentol nas hortelãs, timol no tomilho e alecrim pimenta, ascaridol na erva-de-santa-maria, etc.
Sais mineirais
Apresentam uma variedade grande de funções. Exemplos:
- silício – constituinte de certas macromoleculas essenciais para a formação de colágeno e elastina, é um elemento estrutural nas cadeias de proteínas e polissacarídeos;
- iodo – propriedades antinflamatórias;
- zinco – necessário na síntese do DNA, atua na nutrição celular; a deficiência de Zn influencia no cabelo, provoca queda;
- ferro – importante no transporte do oxigênio;
- magnésio – ação protetora para a vitamina E;
- cobre – ação antinflamatória;
- manganês – estimula o metabolismo celular.
Saponinas
São grupos de glicosídeos descritos como triterpenos. São tensoativos naturais produzem uma solução coloidal em água que faz muita espuma quando agitado . Aumentam a absorção e utilização de certos minerais, inclusive o silício. São muito usados na limpeza do corpo e cabelo.
Taninos
Tem ação adstringente, que contrai os tecidos e vasos sangüíneos, diminuindo a secreção da mucosa, e antimicrobianos (antidiarréico). Precipitam proteínas. Plantas das famílias ericacea, rosaceae alicaceae. Ex.: barbatimao e goiabeira.
Terpenos
Um dos grupos químicos mais encontrados na natureza, sendo a principal fonte os óleos essenciais. Exemplos:
- monoterpenos – limoneno, canfeno, gerâniol, mentol;
- sesquiterpenos – propriedades antinflamatórias e suavizantes (camomila);
- tetraterpenos – carotenos, de propriedades absorventes de radiação U.V. e anti-radicais-livres.
Vitaminas
As mais encontradas no reino vegetal são A, C, E.
- vitamina A : encontrada na forma de alfa e beta caroteno;
- vitamina C : encontrada em frutas cítricas, rosa mosqueta;
- vitamina E : encontrada na forma de tocoferol em muitos óleos vegetais, tem ação antioxidadante e anti-radicais livres.
Existem vários grupos de princípios ativos, abordaremos apenas alguns de mais comuns no Quadro I, abaixo:
Quadro I – Características de alguns Grupos de Princípios Ativos em Plantas Medicinais
PLANTA | PARTE USADA | PRÍNCIPIOS ATIVOS | PROPRIEDADES TERAPÊUTICAS |
ALECRIM (Rosmarinus Officinalis) |
folhas | óleos essenciais,ácidos organicos e flavonoides, saponina | estimulante geral, emenagogo, contra afecções hepáticas |
ARNICA SILVESTRE (Solidago microglossa) |
planta toda | esteróides,lactonas sequiterpenicas | antinflamatória, para contusões |
ASSA-PEIXE (Vermonia polyanthes) |
folhas | alcalóides, glicosídeos, sais minerais | balsâmica, expectorante, béquica |
BABOSA (Aloe vera) |
folhas | glicosídeos (aloina), mucilagens e tanino | tônico capilar, emoliente, adstringente, regenerador da pele |
BARBATIMÃO (Stryphnodendrom barbatimao) |
casca | tanino, resinas adstringente | anti-hemorragico, depurativo |
BARDANA (Arctium lappa) |
raizes e folhas | óleo essencial, tanino, glicosideos, sais de potassio, cálcio e magnésio, vit. do gp. B | diurética, depurativa, emoliente, antinflamatória, analgésica |
BOLDO (Vermonia condensata) |
folhas | óleos essenciais, tanino, saponina | diurético, hepático |
CALÊNDULA (Calendula officinalis) |
flrores | óleos essenciais, carotenóides, flavonóides | antisséptica, cicatrizante, vasodilatadora, tônico para pele |
CAMOMILA (Matricaria chamomilla) |
flores | óleos essenciais, flavonóides | sedativa, antinflamatória, analgésica |
CAPIM-LIMÃO (Cymbopogon citratus) |
folhas | óleo essencial(citral) e tanino | digestivo, calmante, sudorífero |
CAVALINHA (Equisetun arvensis) |
folhas | tanino, sílica, calcio, ferro, magnésio, sódio | analgésica, anti-hemorrágica, combate osteoporose (uso controlado) |
CONFREI (Symphytum officinale |
folhas e raizes | mucilagens, taninos, alantoína | cicatrizante, adstringente, emoliente, regenerador dos tecidos |
CORDÃO-DE-FRADE (Leonotis nepetaefolia) |
toda parte aérea | lactonas sesquiterpenicas | tonica, estimulante, para problemas respiratórios |
ERVA-DE-STA. MARIA (Chenopodium ambrosioides) |
folhas, flores e sementes | óleo essencial, glicosídeos | vermífugo, inseticida, (uso controlado) |
EUCALIPTO (Eucalyptus globulus) |
folhas | óleos essenciais (eucaliptol) | anti-séptico, expectorante, tonico geral |
GENGIBRE (Zingiber officinale) |
raizes | óleo essencial,sesquiterpenicos | tonica, expetorante, vitaminizante, anti-reumática |
GUACO (Mikania glomerata) |
folhas | óleo essencial, resinas, tanino, saponina | anti-séptico das vias respiratórias, expectorante, sudorífico, cicatrizante |
GUAÇATONGA (Casearia sylvestris) |
folhas | óleo essencial, tanino, resina, saponina | cicatrizante, antiséptico, antimicrobiana, fungicida |
MACELA-DO-CAMPO (Achyrocline satureóides) |
flores | flavonóides, óleo essencial | emenagoga, antiálgica, estomaquica |
MENTA (Mentha piperita) |
folhas | óleo essencial (mentol) | digestiva, tonica, anti-séptica |
MIL-FOLHAS (Achillea millefolium |
folhas e flores | cineol, azuleno, ácidos orgânicos, substancias amargas e tanino | cicatrizante da pele, antihemorrágica, estomáquica |
PATA-DE-VACA (Bauhinia, forficata) |
folhas | glicosídeos, flavonóides(quercetina) | hipoglicemiante, diurética, antidiarréica |
TANCHAGEM (Plantago major) |
folhas | tanino, sais minerais, enxofre, mucilagem depurativa, | cicatrizante, antinflamatória, diurética e adstringente |
ZEDOARIA (Curcuma zedoaria) |
raizes | óleo essencial, alcoois, sesquiterpenicos e resinas | esimulante aromatico, hepatica, fungicida para pele (não usar na gravidez) |
Formas de preparo e uso dos fitoterápicos
As formas de preparo para uso das plantas varia conforme a necessidade de extração dos seus princípios ativos e as condições específicas, quanto as vias de aplicação no ser humano.
Chás
Infusão
Preparação utilizada para todas as partes de plantas medicinais ricas em componentes voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela ação combinada de água e do calor. Normalmente, trata-se de partes das plantas tais como flores botões e folhas. As infusões são obtidas fervendo-se a água necessária, que é derramada sobre a erva já separada, colocada noutro recipiente. Após a mistura, o recipiente permanece tampado por um tempo variável entre 5 e 10 minutos. Deve-se coar o infuso, logo após o término do repouso. Também o infuso deve ser ingerido no mesmo dia da preparação.
Tisana
Erva sobre água fervente.
Decocção
Preparação normalmente utilizada para ervas não aromáticas (que contém princípios estáveis ao calor) e para os vegetais onde o princípio ativo se encontre nas sementes, raízes,cascas e outras partes de maior resistência à ação da água quente. Numa decocção, coloca-se a parte da planta na quantidade prescrita de água fervente. Cobre-se e deixa-se ferver em fogo baixo por 10 a 20 minutos. A seguir deve-se coar e espremer a erva com um pedaço de pano de ou coador. O decocto deve ser utilizado no mesmo dia de seu preparo.
Maceração
Preparação (realizada a frio) que consiste em colocar a parte da planta medicinal dentro de um recipiente contendo álcool, óleo, água ou outro líquido. Folhas, flores e outras partes tenras ficam macerando por 18 a 24 horas. Plantas onde há possibilidade de fermentações não devem ser preparadas desta forma.O recipiente permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado periodicamente. Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma quantidade de diluente (água por exemplo), se achar necessário para obter um volume final desejado.
A variação água ou álcool ocorre em função da planta, parte usada e finalidade de aplicação; pode ser usado outro tipo de veiculo parra maceração (óleo, pôr exemplo).
Suco ou sumo
Obtém-se o suco espremendo-se o fruto e o sumo ao triturar uma planta medicinal fresca num pilão ou em liquidificadores e centrífugas. O pilão é mais usado para as partes pouco suculentas. Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido, deve-se acrescentar um pouco de água e triturar novamente após uma hora de repouso, recolher então o líquido liberado. Como as anteriores, esta preparação também deve ser feita no momento do uso.
Tintura
Maneira mais simples de conservar por longo período os princípios ativos de muitas plantas medicinais. Deixam-se macerar em solução hidro-alcoolica, por um período variável entre 10 e 15 dias em local protegido da luz solar, a seguir espremer e filtrar o composto obtido. Conserve sempre ao abrigo da luz em frasco tampado. Usa-se na forma de gotas dissolvidas em água para uso interno, ou em pomadas, unguentos e fricções em uso externo. Os princípios ativos presentes nas tinturas alcançam rapidamente a circulação sanguínea.
As variações que poderão ocorrer serão as seguintes:
- Plantas frescas – álcool 50o. GL + 30% erva;
- Plantas secas – álcool 50o. GL + 15% erva;
- Plantas resinosas (duras) – álcool 70o.GL ( 7 partes de álcool + 3 de água);
- Plantas delicadas (flores) – álcool 40o. GL(4 partes de álcool + 6 de água).
Pó
A planta é seca o suficiente para permitir sua trituração com as mãos ou podem ser moídas em moinhos esterilizados, peneirar e guardar em vidros fechados em locais frescos e abrigados da luz. As cascas e raízes devem ser moídas até se transformarem em pó. Internamente pode ser misturado ao leite ou mel e externamente, é espalhado diretamente sobre o local ferido ou misturado em óleo, vaselina ou água antes de aplicar.
Unguento e pomada
A pomada pode ser preparada com diversos ingredientes. As pomadas permanecem mais tempo sobre a pele, devem ficar usadas a frio e renovadas 2 a 3 vezes ao dia.
A partir do pó da planta seca, colocá-lo em um recipiente de vidro umedecendo-o levemente com álcool puro.
Fazer a mistura composta de uma parte do pó das plantas e 9 partes de vaselina. Levar ao fogo, em banho-maria, até o ponto de fusão da vaselina (quando a vaselina começa a perder a forma sólida), mantendo nessa temperatura pôr 30 minutos. Filtrar a mistura em pano fino, deixar esfriar e colocar no pote.
A partir de tintura de plantas, deve-se usar outra base que não seja a vaselina, pois esta não absorve líquidos.
Uma base pode ser composta de lanolina e vaselina usadas em partes iguais. Incorpora-se primeiro a tintura na lanolina e depois acrescenta-se a vaselina, sempre feito a frio. A tintura para esta base deve ser incorporada na proporção de 25%; quando for usada mais de uma tintura dividir esta proporção em partes adequadas à finalidade.
Pomada ou creme feitos com base de lanolina, usa-se a seguinte proporção: Lanolina 45%; óleo vegetal 5%; água 35%; tintura 15%.
Pomada ou creme feitos com base de cera de abelhas: Cera de abelhas 10%; água 40%; tintura 20%; óleo vegetal 30%;
Pomada ou creme feitos com base de cera de abelhas e lanolina: Cera de abelhas 5%; lanolina50%; água 35% tintura 15%.
Incorporar sempre primeiro os líquidos + lanolina e depois a cera de abelhas (em banho-maria com temperatura máxima de 70oºC) e depois os outros componentes.
Óleos
São feitos na impossibilidade de fazer pomadas ou compressas. As ervas secas ou frescas são colocadas em um frasco transparente com óleo de oliva, girassol ou milho, depois manter o frasco fechado diretamente sob o sol por 2 a 3 semanas. Filtrar ao final e separar uma possível camada de água que se formar. Conservar em vidros que o protejam da luz.
A seguir são apresentadas as diversas formas de utilizar os óleos.
Banho
Faz-se uma infusão ou decocção mais concentrada que deve ser coada e misturada na água do banho. Outra maneira indicada é colocar as ervas em um saco de pano firme e deixar boiando na água do banho. Os banhos podem ser parciais ou de corpo inteiro, e são normalmente indicados 1 vez por dia, no máximo por 15 ou 20 minutos.
Cataplasma
São obtidas por diversas formas:
- amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano fino ou gaze;
- as ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações e aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes afetadas;
- pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água, geralmente quente, com a planta fresca ou seca triturada.
Compressa
É uma preparação de uso local (tópico) que atua pela penetração dos princípios ativos através da pele. Utilizam-se panos, ou gase embebidos em um infuso concentrado, decocto, sumo ou tintura da planta dissolvida em água. A compressa pode ser quente ou fria.
Gargarejo
Usado para combater afecções da garganta, amigdalites e mau hálito. Faz-se uma infusão concentrada e gargareja quantas vezes for necessário. Ex.: Sálvia (máu hálito), tanchagem, malva e romã (amigdalites e afecções na boca).
Inalação
Esta preparação utiliza a combinação do vapor de água quente com aroma das substâncias voláteis das plantas aromáticas, é normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório. Colocar a erva a ser usada numa vasilha com água fervente, na proporção de uma colher de sopa da erva fresca ou seca em 1/2 litro d’água, aspirar lentamente (contar até 3 durante a inspiração e até 3 quando expelir o ar), prosseguir assim ritmicamente por 15 minutos. O recipiente pode ser mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil de cartolina (ou outro papel duro); ou ainda uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do vapor. No caso de crianças deve-se ter muito cuidado, pois há riscos de queimaduras, pela água quente e pelo vapor, por isso é recomendado o uso de equipamentos elétricos especiais para este fim.
Para facilitar as preparações abaixo estão as unidades domésticas de volume e respectivos pesos:
UNIDADES DE VOLUME | PESO – g |
1 colher de chá de raízes secas | 04 |
1 colher de chá de folhas frescas | 02 |
1 colher de chá de raízes ou cascas secas | 20 |
1 colher de sopa de folhas secas | 02 |
1 colher de sopa de folhas frescas | 05 |
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