Dr. D’Alembert de C. Jaccoud
A vida nas Colônias: características básicas
Junto com as vespas e as abelhas, as formigas são da ordem dos insetos de asas membranosas (ordem HYMENOPTERA). Estes insetos têm a característica bem particular de viverem em colônias, onde organizam uma sociedade muito inteligente e eficiente, diferente de outros insetos onde os indivíduos vivem cada um por si (como os besouros, borboletas, grilos, moscas, etc. ). Sabemos capturar e criar colônias de abelhas em colméias e produzir mel por vários anos. Quem é acostumado pode expulsar ou eliminar um vespeiro ou ninho de marimbondos sem perigo ou veneno. Assim podemos aprender a lidar com as formigas e seus hábitos.
Nas colônias dos insetos sociais os indivíduos exercem diversas funções em benefício da sua própria sociedade, dividindo claramente as tarefas e trabalhos entre si Esta é uma das razões do seu sucesso em qualquer área.
Em um formigueiro encontramos a rainha (é a fêmea fértil) e as operárias (fêmeas não férteis). As operárias nunca possuem asas e o seu tamanho varia de acordo com a função que exercem. Eventualmente encontramos machos e fêmeas com asas, que são férteis e tentarão se reproduzir quando saírem da colônia.
Normalmente encontramos três tipos de operárias nos formigueiros das cortadeiras:
- as soldadas, que acompanham as outras no trabalho e são as mais fortes para defender o formigueiro. As soldadas de saúvas são conhecidas como “cabeçudas”, que saem em grande número quando perturbamos um formigueiro forte.
- as cortadeiras ou carregadeiras, que são as mais numerosas nos carreiros, responsáveis por cortar, carregar, limpar, abrir caminhos, escavar e ajudar na defesa da colônia, entre outras funções.
- as jardineiras, que são as menores dentre as operárias, têm a função principal de cultivar o alimento sobre as folhas trazidas pelas cortadeiras. Têm este nome porque trabalham nos “jardins de fungo”, realizando um trabalho muito delicado e importante para a colônia de cortadeiras.
Organização social de um formigueiro típico:
Sauveiro
A Rainha é uma Tanajura que foi fecundada em vôo, pousou no solo, perdeu as asas, escavou a primeira panela e, assim fazendo, fundou um novo formigueiro. O seu papel é o mais fundamental na colônia: somente ela põe os ovos dos quais nascem todas as outras, isto é, ela é a “mãe” do formigueiro. Desta maneira a Rainha controla o número de soldados, cortadeiras e jardineiras de cada estação.
Fig. 1: No inicio da estação chuvosa os formigueiros adultos soltam as recém nascidas Tanajuras (fêmeas) e Bitus (machos), que irão se reproduzir. Além disso, é a Rainha durante o vôo. A seta indica o vôo da futura rainha seguida pelos machos alados.
Fig. 2: A rainha escolhe o local para a nova colônia e, sozinha inicia a escavação da primeira panela do formigueiro. A seta indica que a rainha perde definitivamente as asas.
Além disso, a Rainha que parece comandar todas as atividades do formigueiro, liberando diferentes hormônios que ajudam a organizar as tarefas principais. Os hormônios dos insetos são tão importantes para a sua comunicação que são chamados de feromônios. Para observar a resposta dada ao feromônio de alarme, basta perturbar algumas destas formigas caseiras que andam em fila e observar o curto tempo em que toda a fileira se põe em alerta.
Todas as outras tarefas de sobrevivência da colônia são realizadas pelas operárias: cuidados com os ovos e larvas, com o jardim de fungos, escavação do formigueiro, transporte, limpeza, defesa e tudo o mais.
Fig. 3: Fechada dentro da panela, a rainha inicia a por seus ovos e a produzir alimentos para as primeiras operárias.
Como já dissemos, as operárias de diferentes tamanhos e formas costumam fazer apenas as funções a que estão preparadas. Apesar disto, observamos que quando um formigueiro está fraco, as soldadas podem ajudar no carregamento de materiais, o que não seria sua tarefa habitual. O último tipo de formigas eventualmente encontrado num formigueiro são as reprodutoras, que são as Tanajuras (fêmeas) e os Bitus (machos), que sempre têm asas e abandonam o formigueiro uma vez por ano para se reproduzir, fenômeno conhecido por revoada. O “caviar” das tanajuras é muito apreciado em várias regiões e em outros países.
Quenquenzeiro
Quanto às quenquéns, levando em conta que a colônia é bem menor e menos populosa, a sua organização é basicamente a mesma que a das saúvas. Dependendo da espécie, todas as operárias podem ser iguais ou então de vários tamanhos ou cores na mesma colônia, os reprodutores também são bem menores que nas saúvas.
Fig. 4: As operárias – a colônia está pronta para iniciar as atividades fora do formigueiro Inicia-se os cortes de plantas pelas operárias.
Quanto tempo vive um formigueiro? E uma formiga? As informações ainda não são muito claras. Observações de campo indicam que as maiores operárias de saúva devem viver entre 4 e 6 meses no máximo. Mas não é raro termos notícias de sauveiros ativos por mais de 20 anos. Como , se explica, então, que um formigueiro possa viver por 20 anos se suas operárias vivem em média 4 meses?
A resposta está nas rainhas. Em sauveiros criados em laboratórios foram observadas rainhas com mais de 15 anos de Idade. Uma vez que só a rainha coloca os ovos de onde nascem continuamente as diferentes operárias, a vida de um sauveiro é determinada pela vida de sua rainha. Assim também é determinada a vida de um quenquenzeiro.
Resta ainda uma observação: se a rainha vive por , 20 ou 30 anos, o que acontece quando morre? Sem a Rainha o sauveiro e o quenquenzeiro morrem em poucos dias ou semanas. Em outras espécies de formigas, quando falta a rainha, as operárias fazem nas-cer outra a partir dos ovos existentes, à semelhança do que fazem as abelhas e cupins. As colônias das cortadeiras morrem sem a rainha, pois a divisão do tra-balho fica desorganizada e a comida acaba em poucos dias, quando todas morrem de fome. Todas as observações e todos os testes de controle de cortadeiras através da eliminação da rainha demonstram este fato com 100% de eficiência em campo e laboratório.
Fig. 5: Após os primeiros meses de vida, o jovem formigueiro cresce e se aprofunda no solo. São várias as panelas e aumentam os canais que ligam elas a superfície.
Fig. 6: Com mais de 3 anos, formigueiro tem vários olheiros ativos e se aprofunda no solo bem drenado. Encontramos panelas diferentes com alimentos (fungos), com ovos e crias e outras desativas e com lixo. As panelas com Lixo estão marcadas com L as com desorganização. Ninho com N e as com Fungo com F.
Onde morreu um sauveiro o terreno fica fofo, com boa aeração, boa infiltração de água, nutrientes e matéria orgânica armazenados e, consequentemente, as raízes das árvores nativas e cultivadas crescem bem e se alimentam nutritivamente. Hoje existem estudos científicos que indicam que as cortadeiras, em especial as saúvas, são muito importantes para o crescimento da vegetação nativa. Entende-se que não seja beneficio nem mesmo revolvimento do solo pode ser um perigo quando o formigueiro se localiza em curvas de nível, em barramentos de água, embaixo de construções, estradas e etc., pois oferece perigo de desabamento ou rompimento de estruturas.
Fig. 7: Os formigueiros adultos são aqueles que todo ano soltam a sua de revoada, iniciando novo ciclo que pode durar até mais de 20 anos.
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