Mais uma etapa cumprida em projeto de preservação de 4 espécies nativas da Mata Atlântica

Mais uma etapa cumprida em projeto de preservação de 4 espécies nativas da Mata Atlântica

Iniciativa do JBA em parceria com o BGCI já realizou o plantio de 1.600 mudas em áreas de conservação em São Paulo e no sul de Minas Gerais

Por Tânia Rabello

A natureza não deixou de trabalhar, germinando, florescendo e frutificando nesses meses tão árduos para a espécie humana, com a pandemia de coronavírus grassando no Planeta. No interior de São Paulo, mudas de quatro espécies de árvores nativas da Mata Atlântica também seguiram seu curso natural, cresceram e chegaram, finalmente, ao ponto de serem transplantadas para o lugar definitivo – várias áreas de conservação do bioma, distribuídas entre terras paulistas e o sul de Minas Gerais.

São espécies que correm risco de extinção – pau-brasil (Caesalpinia echinata), cedro-rosa (Cedrela fissilis), tataré (Chloroleucon tortum) e ipê felpudo (Zeyheria tuberculosa) – e que, justamente por isso, são alvo de um projeto de conservação e multiplicação tocado pelo Jardim Botânico Araribá (JBA), em parceria com o Botanic Gardens Conservation International (BGCI), e apoio  do Global Tree Campaign (GTC) e  da Fundação Franklinia

No fim de 2020 e neste início de 2021, cerca de 800 mudas dessas quatro espécies – 200 de cada uma delas – estão sendo plantadas em quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) – inclusive a RPPN Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), que é onde fica o JBA –; em cinco áreas rurais de preservação permanente (ou APPs) e reservas legais.

Cumpre-se, assim, mais uma etapa deste importante projeto de preservação florestal.

No ano passado, um primeiro lote de 800 mudas foi plantado naqueles mesmos locais, somando, agora, 1.600 no total.

Árvores matrizes

A ideia, além de garantir um maior número de cada uma dessas espécies arbóreas em áreas de preservação da Mata Atlântica, é que daqui a no mínimo 15 anos essas mudas se transformem em árvores “matrizes” para coleta de sementes e propagação das espécies, conforme explica o educador ambiental Guaraci Diniz, do JBA.

A coleta de sementes e o desenvolvimento das plantas ficaram a cargo do engenheiro agrônomo Emilson Rabelo, gerente do viveiro Ambiental Mudas, de Araraquara (SP), um dos parceiros do projeto. Rabelo também vem contribuindo para o plantio de parte delas. A outra parte ficou sob responsabilidade dos proprietários daquelas áreas de conservação, cujas atividades de plantio foram custeadas pelos financiadores da iniciativa acima citados.

“Apesar das dificuldades na coleta de sementes por causa das restrições provocadas pela pandemia de covid-19, conseguimos fazer as mudas e, agora, plantá-las”, comemora Guaraci e Emilson. Eles acrescentam inclusive que algumas mudas da primeira etapa tiveram de ser replantadas, em função da seca que atingiu o Sudeste brasileiro em 2020, que impediu que elas vingassem.

Para evitar que a situação se repetisse, providências foram tomadas pela equipe técnica, composta, além de Guaraci Diniz e Emilson Rabelo, pela engenheira agrônoma Eliana Mattos e pelo biólogo Luiz Henrique R. Baqueiro.

A primeira foi manter por mais tempo as plantinhas no viveiro, a fim de torná-las mais fortes e vigorosas antes de irem para o campo. A segunda foi antecipar o plantio – antes previsto para o mês de fevereiro/março de 2021 –, a fim de que as mudas aproveitassem ao máximo o período de águas. “Chegamos a plantar algumas já em novembro, mas a maioria foi levada a campo entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021”, comenta Guaraci.

Já a terceira providência foi repor aquelas que não vingaram por causa da seca. “Esperávamos uma perda de 10% do total de mudas do primeiro lote, o que é um porcentual

Monitorando o desenvolvimento das Mudas de árvores no campo , após 1 ano de plantadas.

aceitável; com a forte estiagem, porém, este índice alcançou os 25%”, diz Guaraci, acrescentando que, se o normal para a região é ter, por ano, entre três e quatro meses sem chuva, no ano passado esse período se estendeu por oito meses sem precipitações regulares.

Protocolo de propagação

Outra etapa do projeto do JBA em parceria com o BGCI, a Fundação Franklinia e o GTC, também está em andamento: a elaboração de um protocolo de propagação daquelas

quatro espécies. Ou seja: todos os procedimentos necessários – desde a coleta de sementes, passando pela quebra de dormência, semeadura, por cuidados com as mudas e plantio no local definitivo, entre outros – são anotados e registrados.

“Neste protocolo de propagação faz-se uma espécie de boletim no qual constam informações botânicas, local de coleta das sementes, dados sobre condições de florescimento, como se colhem as sementes, como processá-las e armazená-las, entre vários outros itens”, explica Guaraci.

O protocolo de propagação é essencial para orientar futuros projetos de conservação de espécies arbóreas. “Assim, quem quiser, no futuro, multiplicar árvores dessas espécies terá à mão todos os detalhes técnicos que estamos elaborando agora, o que facilitará bastante”, e que em breve será publicado neste site e disponivel para todos.

 

 

               

 

Preparando as estacas que irão marcar o local para plantar as mudas

Chegada das mudas de árvores

Separando as mudas por área de plantio

Preparando as mudas para entrega nas áreas de plantio, estagiárias Mariana, Camila e Luana /coordenadora, aqui no SDC/ Jardim Botânico Araribá.

Recebendo as mudas de árvores, RPPN Fazenda Serrinha

Recebendo as Mudas das árvores na RPPN Estância Jatobá, Lucila Assumpção

Recebendo as Mudas das árvores na RPPN Estância Jatobá, Nei.

Recebendo as mudas para plantio na Fazenda Sta. Esther, Bruno.

Recebendo as mudas no Sítio São Francisco , Eric Slywitch.

Plantando as Mudas de árvores, Sito Recanto da Paz, Rogerio Formigari.

Plantando as mudas de árvores , Sítio Toka do Bem

Plantando as mudas de árvores , Sítio Toka do Bem

Plantando mudas das árvores, RPPN Duas Cachoeiras, Voluntários: Danilo, Camila, Mariana, IvanRosseti/eng agrônomo, Rogério e Luana.

Plantando as mudas de árvores , Sítio Estrela MG.

Plantando as mudas de árvores , Sítio Estrela MG.

Monitorando o desenvolvimento das Mudas de árvores no campo , após 1 ano de plantadas.

Monitorando o desenvolvimento das mudas de árvores no campo , após 1 ano de plantadas. Guaraci Diniz
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