Mudas estão sendo formadas e serão plantadas em campo definitivo em novembro de 2021

Mudas estão sendo formadas e serão plantadas em campo definitivo em novembro de 2021

 

Chuvas em 2020 foram abaixo da média, o que levou ao adiamento do plantio para o ano que vem

Por Tânia Rabello

Como dissemos neste artigo Pandemia desacelerou, mas não parou projeto de conservação de espécies nativas, a pandemia de coronavírus não impediu o andamento do projeto de preservação de três espécies nativas da mata atlântica, o jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra); o cedro-do-brejo (Cedrela odorata) e o jequitibá-rosa (Cariniana legalis). Houve algumas adaptações, mas o resultado, atualmente, é que as mudas já estão sendo formadas nos viveiros Oiti, de Flores Welle, em Holambra (SP), e Ambiental Mudas, de Emilson Rabelo, em Araraquara (SP).

Em breve, conta o diretor-geral do Jardim Botânico Araribá (JBA), Guaraci Diniz, ainda em outubro, serão feitas reuniões com as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) que receberão as 2.500 mudas dessas três espécies ameaçadas de extinção – em média 850 de cada uma. “A ideia é orientá-los sobre como fazer o plantio, aonde fazê-lo, e como acompanhar o desenvolvimento das mudas”, descreve Guaraci.

Um dos problemas que surgiram no meio do caminho, porém, tem a ver com as mudanças climáticas ocasionadas pelo constante desmatamento das nossas florestas, e, consequentemente, com a pouca chuva que neste ano não ocorreu em São Paulo. “Inicialmente, a previsão para o plantio das mudas seria janeiro de 2021”, diz Guaraci. “Depois, adiamos para fevereiro”, continua. “Mas, como a previsão pluviométrica não é de chuva abundante e fevereiro já estaria no fim da estação chuvosa, resolvemos adiar o início do plantio para novembro de 2021.”

O representante do JBA acrescenta que antecipar o plantio para novembro deste ano também não seria boa ideia, já que as mudas ainda estão pequenas e, consequentemente, frágeis para se defender contra intempéries e principalmente do ataque de formigas. “Como o plantio das mudas vai ser feito em floresta estacional decidual, há naturalmente um período que não chove neste tipo de mata nativa”, justifica. “Por isso preferimos esperar até novembro, quando as mudas já estarão mais fortes e maiores.”

Ele comenta, por exemplo, que em Amparo (SP), onde fica o JBA e a RPPN Duas Cachoeiras e será feito o plantio de parte das mudas, entre janeiro e agosto do ano passado choveu o equivalente a 1.780 milímetros. “Entre janeiro e agosto deste ano choveu menos da metade disso, ou 714 mm”, compara. “Temos de reaprender com essas mudanças na natureza e reorganizar nosso trabalho.”

Outro impedimento provocado pela pandemia é que o plantio das mudas, que seria acompanhado pelas comunidades locais das RPPNs, com presença de escolas, em um trabalho de educação ambiental, não pôde ocorrer por causa do período de isolamento social e do fechamento das escolas. “Até o momento não temos previsão de quando isso acontecerá”, lamenta Guaraci. “É uma parte do projeto que vai ter de aguardar e ser adaptado de alguma forma.”

Também havia um curso presencial, inicialmente marcado para abril/maio, no JBA, sobre aperfeiçoamento e manejo das sementes e germinação e plantio, ministrado por Noelia Alvarez, gerente de Projeto de Conservação de Plantas e Espécies de Árvores Ameaçadas na Região da América Latina, do Botanic Gardens Conservation International (BGCI), do Reino Unido. “Este curso também terá de aguardar uma nova data até a crise da pandemia arrefecer”, diz Guaraci.

O projeto de preservação das três espécies de árvores nativas ameaçadas de extinção está sendo feito pelo JBA e pela Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (Frepesp), em parceria com o BGCI, do Reino Unido, e com financiamento da Fondation Franklinia, da Suíça  Ao todo, ele prevê a formação de 2.500 mudas, que serão plantadas em 180 hectares de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) parceiras do projeto: a Duas Cachoeiras, em Amparo; a Fazenda Serrinha, de Bragança Paulista; a Estância Jatobá, de Holambra; a Amadeu Botelho, de Jaú; a Porto do Ifé, de Colômbia, e a Renópolis, de Espírito Santo do Pinhal. Além delas, são parceiros os viveiros Ambiental Mudas, de Araraquara, e viveiro Oiti, de Holambra, e o Jardim Botânico de Jundiaí, todos de São Paulo.

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