Mapeamento das árvores-matrizes foi feito no primeiro semestre por dois viveiros e Jardim Botânico Araribá e o Jardim Botânico de Jundiaí
Por Tânia Rabello
A pandemia de coronavírus desacelerou, mas não parou, o projeto de preservação de três espécies de árvores nativas do Brasil ameaçadas de extinção, realizado pelo Jardim Botânico Araribá (JBA) e a a Federação das Reservas Ecológicas Particulares do Estado de São Paulo (Frepesp), com parceria do Botanic Gardens Conservation International (BGCI), do Reino Unido e com financiamento da Fondation Franklinia, da Suíça . “Diante das restrições impostas à circulação e ao isolamento social, o jeito foi se adaptar à nova realidade para fazer o trabalho com toda a segurança”, conta o educador ambiental e diretor-geral do Jardim Botânico Araribá (JBA), Guaraci Diniz, que também é diretor de Projetos da Frepesp.
Assim, ao longo desse período de quarentena, passos continuaram a ser dados, embora de forma mais lenta, para garantir a propagação do jacarandá-da-bahia (Dalbergia nigra); do cedro-do-brejo (Cedrela odorata) e do jequitibá-rosa (Cariniana legalis) – esta a espécie vegetal de maior porte encontrada nas matas nativas paulistas, podendo alcançar até 50 metros de altura.
No programa de preservação, após a reunião dos participantes do projeto realizada em dezembro, havia sido acordado que as atividades começariam em março, com a identificação das árvores matrizes nas áreas de conservação no Estado de São Paulo e Minas Gerais para posterior coleta de sementes. Mas justamente em março os paulistas tiveram de se recolher às suas casas, no isolamento social determinado pelo governo como prevenção ao coronavírus.
Guaraci conta que os viveiros Oiti, de Holambra (SP); Ambiental Mudas, de Araraquara (SP) e o Jardim Botânico de Jundiaí (SP), além do Jardim Botânico Araribá (JBA), fizeram esse levantamento nos meses de quarentena, na medida do possível, a partir de março. “Entretanto, para prevenir possíveis contaminações por covid-19, algumas coletas foram feitas com menos pessoas, o que tornou o trabalho mais lento”, diz Guaraci. “O Emilson (Rabelo, gerente do Ambiental Mudas), por exemplo, evitou levar auxiliares para essa identificação das matrizes e fez boa parte do serviço sozinho; isso, claro, tornou o trabalho mais vagaroso.”
De todo modo, a primeira etapa foi cumprida. Os três viveiros conseguiram, ao fim, identificar 26 matrizes, sendo 11 de jacarandá-da-bahia, 5 de cedro-do-brejo e 10 de jequitibá-rosa, em 14 áreas distribuídas no estado de São Paulo. “Também por causa da quarentena, houve adaptação na seleção de algumas matrizes, que foram escolhidas também em praças públicas”, continua Guaraci. “Isso porque, durante o período mais restritivo da quarentena, algumas unidades de conservação ficaram fechadas e não conseguimos autorização para realizar a coleta”, diz o educador ambiental. “Para não interromper o projeto, acabamos fazendo essas coletas em praças públicas.”
As áreas onde houve o mapeamento das matrizes foram na região de Jundiaí, Araraquara, Holambra, Campinas, Tatuí, São Simão, Gavião Peixoto, Limeira e Rio Claro.
As árvores-matrizes foram identificadas e suas coordenadas geográficas confirmadas por GPS, registradas para facilitar o trabalho contínuo de coleta. Paralelamente, foi realizado também o levantamento dos materiais necessários para que os viveiros executassem, além dado beneficiamento das sementes, a compra de recipientes para mudas, substratos e material de processamento das sementes, para quebra de dormência.
Todo este trabalho abriu caminho para a próxima etapa: a coleta de sementes, que você verá em breve como foi.