“Diário” de um sítio – a vida no campo – 01

“Diário” de um sítio – a vida no campo – 01

Quer conhecer a rotina do Sítio Duas Cachoeiras? Contamos tudo aqui

Tânia Rabello

Estreamos hoje um “diário” muito especial no nosso blog. O produtor agroecológico há 30 anos e proprietário do Sítio Duas Cachoeiras e Gestor da RPPN Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), Guaraci Diniz, vai contar, semanalmente, sua vivência na lida com o campo. Mostrará na prática que viver da natureza, preservando-a, é sempre possível. Basta mudar a forma de pensar.

Para conhecer a seriedade do trabalho de Guaraci Diniz, basta citar um dos muitos estudos feitos por ali. Especialmente um, da Universidade de Campinas (Unicamp), que concluiu que 87% de todas as necessidades do sítio e de sua família – que incluem sua esposa, Cecília, e seus pais –, são obtidas do próprio sítio.

No Sítio Duas Cachoeiras planta-se o próprio alimento, retiram-se da natureza várias plantas medicinais, com as quais são feitas tinturas, chás, pomadas e também as tintas naturais que tingem a lã das ovelhas, o algodão e fibra das bananeiras, que se transformam em peças lindas nos teares manuais de Cecília.

Produtor de água

Pode-se dizer, ainda, que o Sítio Duas Cachoeiras é “produtor de água”. Desde que Guaraci começou a reflorestar seu sítio, há 30 anos, tornou-se “proprietário” de 4 nascentes. Antes, havia apenas 1 “e meia”, ou seja, uma permanente e outra que só brotava no verão. No inverno, secava. Conservação de água também tem por  aqui!

Tudo o que se usa no Sítio Duas Cachoeiras é devolvido para a propriedade, reciclando a natureza, em completa harmonia com o meio. O trabalho contínuo de reflorestamento no Sítio Duas Cachoeiras já alcança 80% da área total da propriedade, de 30 hectares. A partir de 2005, uma grande parcela da parte de mata nativa e reflorestada do sítio se transformou na primeira Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) da região de Amparo, a RPPN Duas Cachoeiras.

Mais recentemente, em 2016, todo esse trabalho de preservação ambiental foi também contemplado com a fundação do Jardim Botânico Araribá, nosso querido JBA, que funciona dentro dos limites do Sítio Duas Cachoeiras, como parte integrante dele.

Hoje, Guaraci dedica-se à lida da propriedade rural, com as ovelhas, identificação de espécies arbóreas e outras plantas, banco de sementes, agricultura ecológica, plantas medicinais, tecelagem – com a Cecília – entre muitas outras atividades. Ao longo das semanas vamos acompanhar um pouco do trabalho dele naquele pedaço de paraíso. Teremos a oportunidade de viver, junto com Guaraci, a rotina de um sítio que, muito além de só respeitar a natureza, sabe viver dela sem destruí-la e, mais do que isso, recuperando-a!

Veja aqui o primeiro post de Guaraci Diniz e boa leitura!

 

1 – As folhas que douram o chão e devolvem às plantas os nutrientes

Folhas caídas no chão, ótimo adubo natural. FOTO: GUARACI DINIZHoje andando pelo sitio, fiquei observando a exuberância da natureza, agosto e setembro são os meses em que menos chove aqui nesta região, e as árvores usam o último recurso para manter a vida, liberam as folhas de seus galhos, ajudadas pelo vento acabam por cobrir o solo e deixar uma cobertura muito fofa, ajudando a manter o pouco de umidade que ainda tem no solo, e facilitando para a árvore a manutenção do metabolismo básico até as próximas chuvas.

Este período do ano é de uma beleza intensa e exclusiva, com a paisagem mais iluminada. Os galhos das arvores deixando o sol iluminar as folhas que estão no chão tudo fica dourado, esperando pela chuva que logo chega e ajuda a transformar as folhas do chão em composto orgânico, húmus natural, que as árvores novamente recebem de volta.  E a vida continua!

Portanto evitem ficar rastelando as folhas caídas, deixem-nas lá, para que possam regenerar o solo. Onde você tiver uma área calçada, recolha as folhas para fazer o composto orgânico  ou coloque como cobertura em algum canteiro ou ao redor de alguma árvore.

Começando junto com a primavera, estaremos compartilhando com vocês aqui, algumas emoções… e saibam que tem emoção de todo o tipo, quando  se vive no campo em um sítio onde não seja necessário usar adubos industriais e agrotóxicos. É possível aproveitar os insumos que a própria natureza nos oferece, e aprender como ela mesma faz. Basta observar.

Seu comentário é muito importante