Jardim Botânico da Ajuda – Portugal e Jardim Botânico Araribá – Brasil, rumo às parcerias

Jardim Botânico da Ajuda – Portugal e Jardim Botânico Araribá – Brasil, rumo às parcerias

Diminuindo as distâncias e aumentando a rede de colaboração! Portugal – Brasil.

   

Uma promissora colaboração começa a ser estudada pelo Jardim Botânico Araribá (JBA), de Amparo (SP), com uma importante e secular instituição europeia, também dedicada às plantas: o Jardim Botânico da Ajuda, que fica em Lisboa – Portugal e é gerido pelo Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.

JBA-JArdim Botânico Araribá - Amparo-SP-BR
JBA-JArdim Botânico Araribá -Amparo-SP-BR

A história dessa colaboração começou quando, em julho, a professora-doutora Rosa Virgínia Diniz, membro da equipe de pesquisadores do JBA e especialista em desenvolvimento e meio ambiente, visitou a instituição portuguesa, com o objetivo de estreitar laços entre os dois jardins botânicos que, coincidentemente, têm como sigla “JBA”. A ideia principal da visita era trocar conhecimentos a respeito de plantas nativas de Portugal e do Brasil – no país europeu, elas são denominadas “autóctones”.

No JBA português, a dra. Rosa (direita na foto) foi muito bem recebida pela técnica superior da instituição, Elsa Breia (esquerda na foto), que a guiou em uma visita pelas instalações e coleções vegetais. A pesquisadora brasileira comenta que a afinidade foi imediata e, a partir daí, em nome do Jardim Botânico Araribá, estabeleceu-se um grande potencial de parceria para iniciar estudos científicos, educacionais e ecológicos de plantas nativas e também o estudo de botânica.

Assim, nós, do Jardim Botânico Araribá, estamos em busca de cumprirmos um dos nossos objetivos, que é estabelecer uma rede de parceria e cooperação – como a lógica da natureza, na qual nada acontece por si só, havendo sempre uma inter-relação entre os fenômenos que garantem a manutenção de vida na Terra. Este é o trabalho que buscamos, estreitando laços entre todos os jardins botânicos daqui do Brasil e do exterior.

Não se trata, porém, da primeira interação entre o Jardim Botânico da Ajuda e o Brasil. A busca do conhecimento vem, aliás, de longa – longa mesmo – data. Em outubro de 1783, o cientista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira retornou ao Brasil, vindo de Portugal, onde terminou seu doutorado na Faculdade de Filosofia Natural, em 1779, sempre com o objetivo de aprofundar seu conhecimento sobre a Amazônia brasileira. Tanto que, de volta ao Brasil, aportou em Belém, no Pará. Seu trabalho com a maior floresta do mundo, porém, havia começado anos antes, quando trabalhava dedicado a plantas úteis à medicina e economia no Jardim Botânico da Ajuda e também no Jardim Botânico de Coimbra – este pertencente à Universidade de Coimbra, inspirado no professor Domingos Vandelli, que fundara, em 1768, o JB da Ajuda.

E em 1774 Ferreira assumiu a chefia da Viagem Philosophica ao Brasil, expedição voltada à pesquisa in loco da desafiadora Amazônia, que contribuiu para identificar e nomear plantas e animais daquela mata gigantesca. Nesta expedição, o pesquisador baiano realizou coletas geológicas, botânicas, zoológicas e etnográficas, reportando suas observações ao Museu de História Natural e ao Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa, instituição com a qual o Jardim Botânico Araribá está em contato.

Nossa ideia, com essa reaproximação, mais de dois séculos após o trabalho de Ferreira, é continuar realizando estas trocas de informações, que não podem ser perdidas, mas sim aprofundadas e difundidas. Assim como Ferreira, no século XVIII, nós, do JBA, também temos como objetivo a busca do conhecimento original, nativo, útil e aplicado. Temos, aliás, como missão aprimorar o conhecimento sobre plantas medicinais, alimentícias e fibrosas, entre outras nativas da Mata Atlântica, mantendo, assim, essas espécies preservadas em um banco vivo de germoplasma.

Por isso nós, do JBA, agradecemos imensamente a calorosa acolhida do nosso “irmão de sigla”, o JBA de Portugal

** bibliografia consultada: Jardins Botânicos do Brasil, E.E Miranda e Fabio Colobini, Metalivros, São Paulo, 2009.

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