JBA coordena plantio de 800 mudas de 4 espécies nativas ameaçadas de extinção

JBA coordena plantio de 800 mudas de 4 espécies nativas ameaçadas de extinção

Entre janeiro e março, várias áreas de conservação entre SP e MG receberam as mudas; próxima leva será plantada no ano que vem

Por Tânia Rabello

Entre janeiro e março deste ano, foi concluída mais uma etapa do projeto de preservação de quatro espécies de árvores nativas da Mata Atlântica. Ao todo, 800 mudas foram plantadas em áreas de conservação ambiental, distribuídas entre o interior de São Paulo e o sul de Minas Gerais. As espécies selecionadas foram pau-brasil (Caesalpinia echinata), cedro-rosa (Cedrela fissilis), tataré (Chloroleucon tortum) e o ipê felpudo (Zeyheria tuberculosa).

Se vocês se recordam, conforme o artigo que a gente escreveu antes, são árvores ameaçadas de extinção, algumas delas correndo sério risco de desaparecer do bioma Mata Atlântica. Daí a iniciativa do Jardim Botânico Araribá (JBA), em parceria com o Botanic Gardens Conservation International (BGCI), para estimular a perpetuação dessas importantes espécies vegetais, num projeto que conta também com apoio da Fundação Franklinia e do Global Tree Campaign (GTC).

A ideia, conforme o educador ambiental Guaraci Diniz, do JBA, é que daqui a no mínimo 15 anos essas mudas agora plantadas se transformem em árvores “matrizes” para coleta de sementes e propagação da espécie.

Ao longo do ano passado, foram formadas 200 mudas de cada uma dessas espécies e agora, sob coordenação do JBA, elas já estão devidamente  “instaladas” em quatro Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) – inclusive a RPPN Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), que é onde também fica o JBA –, em cinco áreas rurais de preservação permanente (ou APPs) e reservas legais, e, por fim, no Jardim Botânico de São Paulo, na capital paulista.

A coleta de sementes e o posterior desenvolvimento das mudas ficaram a cargo do engenheiro agrônomo Emilson Rabelo, coletor de sementes e gerente do viveiro Ambiental Mudas, de Araraquara (SP), um dos parceiros do projeto. Rabelo também contribuiu com o plantio de parte delas. A outra parte ficou a cargo dos proprietários das áreas de conservação, cujas atividades de plantio foram custeadas pelos financiadores da iniciativa acima citados.

Rabelo conta que cada uma dessas espécies gosta de determinadas condições de solo, água e luminosidade para se desenvolver bem. E que essas idiossincrasias foram respeitadas. “O pau-brasil, por exemplo, gosta de bastante sombra, por isso se desenvolve bem no meio da mata densa”, exemplifica. “Além disso, prefere solos mais secos.”

Já o cedro-rosa, de grande porte, pode se adaptar a áreas um pouco mais abertas, explica o agrônomo. “Originalmente, na mata, gosta de áreas com meia sombra e terrenos um pouco mais úmidos do que o pau-brasil.” O tataré, por sua vez, se adapta tanto em áreas mais abertas quanto fechadas, e ele cresce rápido.”   Por fim, o ipê-felpudo vai bem em áreas mais abertas. “Pode ser considerada uma árvore secundária tardia, porque também cresce em mata fechada”, ensina Rabelo, acrescentando que é uma espécie que precisa, porém, de solo com média a alta fertilidade.

Guaraci Diniz, do JBA, informa que, justamente porque essas mudas foram plantadas em áreas de floresta – mesmo que próximo a bordas de mata –, cada uma delas teve sua localização registrada no GPS, para facilitar os cuidados, principalmente nos dois primeiros anos, até elas vingarem.  E, depois, serem registradas e catalogadas como árvores matrizes. “Em média, foram plantadas entre 60 e 100 mudas em cada uma das áreas de preservação”, diz Guaraci Diniz. “Aqui na sede do JBA foram 120, sendo 30 de cada espécie.”

O projeto todo, que tem três anos de duração e agora está no seu segundo ano, prevê, porém, o plantio de 1.600 mudas daquelas quatro espécies. Agora, concluída a primeira etapa, mais 800 mudas estão em formação no viveiro de Emilson Rabelo para serem plantadas em 2021.

Guaraci diz que foi melhor dividir o plantio em duas etapas, para facilitar, neste segundo ano de projeto, o acompanhamento de cada uma das árvores. “É o que chamamos de protocolo de propagação”, diz o ambientalista. Nesta fase, tanto Emilson Rabelo quanto Eliana Matos, engenheira agrônoma e advogada,  estão compilando dados, como de onde as sementes dessas árvores foram coletadas, como sua dormência foi quebrada,  como foi semeada, como se desenvolveu no viveiro, qual o ritmo de crescimento e, a partir de agora, como se desenvolveu no local definitivo. “Isso tudo vai servir de orientação para outros interessados em propagar essas espécies”, explica Guaraci.

“Neste ano dois do projeto também planejamos uma interface com a comunidade local para ela conhecer mais sobre essas espécies e saberem que estão ameaçadas de extinção e que podem simplesmente sumir do planeta Terra”, diz.

Guaraci explica também que neste ano, por causa da pandemia de coronavírus, a coleta de algumas sementes poderá ficar dificultada. “Há espécies que estão com sementes viáveis agora, neste momento de isolamento social”, diz o ambientalista. “Emilson tem saído, por isso, sozinho para realizar este trabalho, evitando contato com outras pessoas.”

***A sequência de fotos abaixo são das áreas dos parceiros do projeto, onde foram plantadas todas as mudas.

    

                                                                             

 

 

   

 

 

Seu comentário é muito importante