Ovelhas e suas características

Ovelhas e suas características

Ov1Há pelo menos 1 400 raças adaptadas às condições mais adversas do mundo. A domesticação dos ovinos deve ter ocorrido na Ásia, onde encontravam-se várias espécies espalhadas pela Sibéria, Mongólia, deserto de Gobi, entre as quais as Ovis salrensis, Ovis borealis, Ovis sivicola e Ovis vignef. Esta última, de pequeno porte, nativa do Afeganistão e da Índia, é uma das que, deram origem às ovelhas domésticas.

Reprodução

ov2A ovelha apresenta cios que se repetem em média, a cada dezesseis dias durante determinada época do ano. A duração do período sexual varia conforme a raça, mas a época de fertilidade máxima coincide com o outono. Assim, recomenda-se que a estação de monta ocorra entre 15 de março e 15 de maio. Sendo de cinco meses o tempo de gestação, a cobertura nessa época evitaria o nascimento durante o frio intenso. A monta pode ser a campo, controlada ou por inseminação artificial. Em monta a campo, utiliza-se um carneiro para cinquenta ovelhas. Quando o cordeiro nascer, deverá ter o umbigo curado. Com cerca de 20 dias de idade, sua cauda será cortada com ferro em brasa com formato de cunha. A cauda é cortada entre a primeira e a segunda vértebras para as fêmeas e entre a segunda e a terceira para os machos.

Wfwoodl1Nas raças deslanadas a cauda não deve ser cortada, pois ela não atrapalha e é útil na defesa contra as moscas. 0 desmame poderá ser efetuado aos 60 dias, quando então se dará vermífugo aos cordeiros. É também nesse o momento que eles são transferidos para uma boa pastagem, e que não tenha, de preferência, sido pastoreada por ovinos quatro ou cinco meses antes, podendo, no entanto, ter sido usada por bovinos. Essa precaução poderá controlar a verminose, uma das principais ameaças para os criadores de ovelhas.

Clima e solo

Os ovinos se adaptam bem a vários climas, desde que não multo úmidos. Quanto aos solos, os Ideais são os drenados e profundos. Os terrenos alagadiços são prejudiciais aos ovinos.

Instalações

ov2sentdAs instalações variam bastante, e de acordo com o tamanho e a finalidade da exploração ovina. De toda forma, as cercas destinadas a conter os animais devem ter 90 cm de altura, com distância de 22 cm entre os fios superiores e 12 cm entre os inferiores três fios superiores e três fios inferiores.

Para a criação de ovelhas são necessários, pelo menos, três pastos: um para as ovelhas de cria e animais novos, outro para as ovelhas e capões, e o terceiro para o plantel.

Os piquetes devem ser Instalados em área de fácil fiscalização. Neles devem ser colocados os animais que necessitem de trato especial ou que precisam de maior assistência. Uns três ou quatro piquetes sempre são úteis.

pmerinoQuanto aos bebedouros, devem ser protegidos de tal forma que os animais não sujem a água. Esta deverá ser, de preferência, corrente ou então fornecida em bebedouros simples. Os trabalhos de apartação, tratamentos médicos, intervenções cirúrgicas e tosquia tornam necessário o encerramento dos animais em cercados convenientemente divididos. Os currais incluem, como anexos, os bretes (dispositivo para prender o animal).

A construção do curral deve ser em local central, em terreno levemente inclinado e bem drenado. Os currais devem ser feitos com cercas de arame liso ou de madeira. De preferência, sem ângulos nos cantos. Os bretes são dispostos em seguida aos currais e são compartimentos menores, feitos com tábuas e providos de tranqueiras que facilitam a movimentação, dos ovinos.

Abrigos rústicos podem ser providenciados nos pastos, com a formação de maciços de árvores de sombra ou com a limpeza de pequenos capões já existentes. Os abrigos devem ser calculados na base de meio hectare para 500 cabeças de ovinos. Para pequenos rebanhos, são úteis abrigos cobertos de palha, mesmo para a proteção de cochos de sal mineralizado.

Já para as criações intensivas ou do tipo misto, é útil um aprisco para abrigar os animais à noite e para facilitar os cuidados com os ovinos. Nos apriscos, os ovinos podem ser mantidos em balas individuais ou coletivas, conforme a categoria. Nas baias coletivas, deve ser prevista a área de 1.5 m² por cabeça. Cada divisão precisa ter comedouro, bebedouro e grade para feno.

Em criações de grande vulto é necessário que se construa um banheiro anti-sárnico, segundo projetos fornecidos por associações de criadores, Secretaria ou Ministério da Agricultura. Em pequenas criações é dispensável, pois em caso de necessidade poderão ser feitas pulverizações contra o parasita.

Raças produtoras de lã

Existem entre as diversas raças de ovinos, aqueles que tem maior aptidão para a produção de lã.

A merino, uma das raças mais antigas, originária da Espanha, é a que produz lã mais fina e valiosa. A mecha longa e clara é multo macia. Tem cabeça em forma de cunha, com fronte larga, mais forte no macho e bem coberta de lã. O pescoço é curto e forte, com papada no macho. O corpo é longo, em forma de cilindro um tanto quanto achatado, tendo as partes anteriores e posteriores bem equilibradas. A espádua e as coxas são arredondadas e os pés são separados e bem apoleados. Os machos possuem chifres grandes.

Já a polwarth ou Ideal é uma raça originária do sul da Austrália, uma das preferidas pela indústria de fiação, seja na elaboração de artigos de pura lã ou em mistura com fibras sintéticas. Algumas de suas características mais importantes: porte mediano, boa cobertura de lã, de qualidade uniforme, que desce até os membros; cara limpa de lã até a altura dos olhos, topete denso caindo sobre a fronte. Não tem chifre. O peito é amplo e proeminente e a pele que o recobre é solta, formando uma espécie de ruga, a que se dá o nome de avental. O velo é formado de uma lã branca e macia.

Tosquia

tectosqA tosquia é feita normalmente uma vez por ano, em nossa região. É quando o criador verifica o resultado de seu trabalho , através da quantidade e qualidade da lã colhida. A tosquia é cortar a lã bem rente ao corpo do animal, e para isso é importante que se observe: época, processo (tesoura ou maquina), cuidados preliminares, cuidados durante a tosquia, métodos de tosquia, cuidados depois da tosquia e classificação da lã.

A tosquia deve ser feita numa época que não esteja chovendo ou ventando frio, para evitar danos à Saúde do animal. É recomendável que seja feita no começo da estação quente, uma vez por ano.

Há alguns anos a tosquia era feita com tesouras, e 8 homens precisavam ser bem treinados para o serviço. Hoje existem máquinas próprias, algumas elétricas, facilitando o trabalho. O cuidado mais importante na tosquia é a escolha da época. É recomendável que a tosa seja feita no começo da estação seca, uma vez por ano para evitar que o carneiro fique sujeito a variações do clima. A tosquia não deve ser realizada em épocas chuvosas ou de frio.

TosquiaO trabalho deve ser feito em um galpão adequado, que possua local para o armazenamento da lã. Na construção do galpao é importante considerar se há ventilação e luz, pois disso dependerá a rapidez da tosquia. Num local pouco arejado, os tosquiadores sofrerão multo os efeitos do calor e da alta luz.

É preciso tomar alguns cuidados: depois de tosquiados, os animais necessitam de proteção contra ventos constantes — especialmente os mais jovens. Recomenda-se aproveitar bosques ou elevações naturais do terreno para protegê-los. Além disso, os animais para produção de lã procuram sombra nas horas mais quentes do dia. Por isso, é recomendável que se plantem árvores nos currais.

Nas pastagens convém que se plantem bosques em forma de H, com filas duplas de árvores de boa sombra, que permitem aos animais se abrigar nas horas de maior insolação e também quando ocorrem temporais. Algumas árvores que têm mostrado qualidades para a formação desses bosques são a sibipiruna e a tipuana.

TecveloA qualidade final de um fio de lã, como já vimos depende das condições de vida da ovelha; uma alimentação correta influi no comprimento e textura da lã; o tipo de pastagem influi na limpeza que se apresenta a lã após a tosquia (sem carrapichos, picão e outros parasitas).

A separação do rebanho por idade e cor para proceder a tosquia facilitará uma classificação da lã mais adequada.

Vários são os fatores que afetam a produção de lã, tanto em termos de quantidade como de qualidade, devendo-se dar atenção ao nível genético dos animais, qualidade de pastagem, sanidade do rebanho e seu manejo A lã que constitui o velo podem apresentar em suas fibras várias distinções que caracterizam as raças. Podem ser lisas, cacheadas e onduladas.

As mechas do velo acham-se untadas por uma secreção das glândulas sebáceas e sudoríparas, que são muito abundantes na pele dos ovinos, e serve para dar proteção ao animal, e também suavidade e elasticidade e é denominada suarda, unto ou lanolina. A lanolina influencia na elasticidade da lã e por conseqüência no processo de fiação. Dessa forma, depois de efetuada a tosquia, o criador deve ter muito cuidado com a separação das lãs em categorias:

  • Lã de velo, cortada aos 12 meses de Idade, do corpo do ovino adulto, com exceção da que cresce na pata e na barriga;
  • Lã de garreio, oriunda da prata e na barriga. Também tirada quando o animal tem 12 meses;
  • Lã de cordeiro, obtida na primeira tosquia do animal que ainda não atingiu a idade de 1 ano;
  • La de capacho, um velo cujas fibras se emaranham principalmente por causa de uma deficiência nutricional;
  • Lã de retosa, proveniente da tosquia de animais antes de ter completado 12 meses de crescimento;
  • Lã de pelego, obtida pela tosquia da pele de ovinos abatidos para consumo;
  • Lã de desborde, resultante do trabalho de limpeza dos velos, antes de serem amarrados;
  • Lã de campo, retirada dos animais encontrados mortos nos pastos.

A principal categoria é o velo. Ao ser tosquiado, deverá ser estendido sobre uma mesa, com a parte superior da lã voltada para cima, e dele retiradas eventuais impurezas, inclusive alguma lã da pata e barriga que tenha sido tosada junto. Essa é a prática do desborde. Feito isso, dobra-se o velo longitudinalmente pelos dois bordos laterais enrolando-o a partir da cauda, em direção à cabeça.

Amarrado com fio de papel, é acondicionado em bolsas específicas de estopa, com capacidade em tomo de 150 kg, ou sacos de estopa comuns. Não se permite a utilização de qualquer outro fio para atar os velos nem de outro tipo de saco, cujas fibras poderiam contaminar a lã.

Alimentação

PastoA alimentação dos ovinos deve se basear no pastejo com gramíneas, se possível consorciada com leguminosas. Além disso, deve ser suplementada com sais minerais, que ficarão à disposição nos cochos.

Na seca, alimentação deve ser reforçada com feno, silagem ou capinelra cortada, triturada e dada no cocho. Deve ser fornecida na seca e nas oito primeiras semanas de amamentação. A alimentação adicional pode se constituir também de milho desintegrado, cana picada, feljão-guandu, além do feno de gramíneas e leguminosas.

Dois hectares de milho podem fornecer ração adicional para 120 ovelhas e suas crias machos até a 13 semana de idade.

O pasto, de preferência, não deve ultrapassar os 40 cm de altura. Os capins recomendados para a formação do pasto são o pangola, o braquiária, o estrela-africana, o bermuda, e o quicuio, entre outros, dependendo do tipo de solo e do clima da região em que a propriedade se localiza.

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