A importância das abelhas para a agricultura

A importância das abelhas para a agricultura

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Introdução

As abelhas são insetos bastante conhecidos por todas as pessoas através da abelha de mel, também chamada européia ou abelha Europa, que na verdade não constitui mais que uma espécie, num mar de cerca de 20.000 espécies tecnicamente consideradas abelhas. Deste número poucas são as abelhas sociais, isto é, que convivem em grupos de seres com funções específicas; estas não passam de aproximadamente 500 espécies. A classificação zoológica das abelhas, segundo os biólogos, é a seguinte:

Formigas, térmitas (cupins), vespas e abelhas são semelhantes, em termos biológicos, até o nível de subordem. A diferenciação entre eles começa ao nível de superfamília (por exemplo, as formigas estão na superfamília – Formicoidea).

A superfamília Apoidea inclui as 20.000 espécies de abelhas, divididas em nove famílias, dentre as quais as abelhas sociais pertencentes à família Apidae. Esta família é dividida da seguinte maneira:

As abelhas podem ser consideradas de acordo com seus hábitos, ou outras conveniências, em três categorias: sociais, solitárias e parasitas.

As abelhas sociais são as que vivem em enxames, isto é, em grande número de indivíduos no mesmo ninho, e onde haja divisão de trabalho e separação de castas. As castas são os membros da colmeia, normalmente uma rainha, zangões e operárias, como será logo visto. Embora sejam a minoria dentre as várias espécies, trazem em si o que realmente caracteriza a essência do reino das abelhas.

São consideradas solitárias as abelhas que vivem sozinhas e morrem antes que seus filhos atinjam a fase adulta. Constroem ninhos no chão, em fendas de pedras e árvores, em madeira podre ou em ninhos abandonados de outros insetos. Normalmente as fêmeas fecundadas preparam cuidadosamente o ninho, suprem cada célula com uma quantidade adequada de alimento preparado é base de pólen e mel, e colocam o ovo sobre essa camada de alimento. então fecham cada célula, fecham o ninho por fora e vão embora.

O parasitismo nas abelhas difere do apresentado por outros insetos. Uma abe-lha somente parasita outra abelha e utiliza-se apenas do trabalho e do alimento que o hospedeiro armazenou. Na maioria dos casos, o parasita invade os ninhos, coloca seus ovos nas células já prontas e aprovisionadas pelo hospedeiro e deixa que seus filhos se desenvolvam aos cuidados deste. Em alguns casos, o parasita passa a conviver com o hospedeiro e pode, até mesmo, desenvolver algum tipo de trabalho em conjunto.

Um outro tipo de parasitismo interessante é encontrado num gênero de abelhas (Lestrimelitta, conhecida popularmente por abelha-limão) socialmente bem evoluídas. As espécies deste grupo (duas) constroem seus próprios ninhos, porém o material de construção e as provisões são roubadas de outros ninhos de espécies afins, como jati, tubiba, abelha-canudo, etc. Essas abelhas saem em grande número – pois suas colônias chegam a ter milhares de indivíduos – invadem o ninho das outras e daí levam o material que necessitam. Esses ataques duram, às vezes, vários dias, e muitas abelhas morrem. Outro aspecto peculiar é que esses parasitas passam a defender o ninho con-quistado contra pilhagens ou parasitas secundários, enquanto levam o material roubado. As abelhas-limão são tão bem adaptadas a este comportamento que sequer possuem as corbículas (órgão situado no ultimo par de pernas destinado à coleta de pólem).

As abelhas Europa pertencem ao gênero Apis, cujas principais espécies são:

  • Apis florea: a menor do grupo. Encontrada na Asia. Constrói ninhos pequenos ao ar livre e tem hábitos migratórios, de acordo com as necessidades alimentares.Apis
  • Apis dorsata: abelhas gigantes do Ceilão. São as maiores do grupo e produzem grandes quantidades de mel e cera. Seus ninhos localizam-se em encostas e pedreiras de difícil acesso. Como a A. florea, não se adaptam ao processo de criação racional conduzido pelo homem.
  • Apis cerana: também de origem asiática, adaptam-se bem à apicultura racional e seus hábitos são semelhantes aos da A. mellifera. Não produzem muito mel.
  • Apis mellifera: é a espécie mais conhecida, e a que foi introduzida no Brasil. Este agrupamento é constituído por várias raças européias e africanas, todas bem adaptadas aos processos de criação racional e semelhantes entre si quanto aos hábitos.

As abelhas do gênero Apis não são nativas do Brasil. Como se viu acima, são encontradas no velho mundo. As primeiras foram trazidas para o Brasil provavelmente pelos jesuítas, no século XVII. porém o primeiro registro escrito que se tem de sua introdução traz o ano de 1839, quando um certo padre as mandou vir da Europa. Possivelmente a espécie trazida foi a Apis mellifera mellifera, raça originária no norte e oeste dos Alpes Europeus e numa pequena parte da Rússia central, mas bastante difundida na Europa. Algum tempo depois imigrantes europeus trouxeram outras raças, das quais a que foi melhor aceita pela população foi a Apis mellifera ligustica, conhecida como italiana, de índole muito dócil e mansa.

Estas abelhas de origem européia, apesar de se adaptarem bem ao clima tropical, não estavam totalmente integradas ao novo ambiente e mantiveram hábitos adquiridos no clima europeu como “acordar” tarde, e dormir cedo e ficar recolhidas diante de qualquer ameaça de mau tempo. Com o propósito de modificar esse comportamento, na década de 50 um cientista trouxe da -África algumas rainhas da raça Apis mellifera adansonii. Sua intenção era, por meio de cruzamentos controlados, melhorar as raças européias sem tirar-lhes as boas características, como a mansidão. porém as raças africanas são muito mais agressivas e inquietas que suas irmãs e, graças a um capricho da Natureza e um descuido humano, algumas destas rainhas enxamearam do laboratório e foram fundar suas colônias longe das mãos dos cientistas.

As abelhas africanas são mais fortes e ativas que as européias. Começam a trabalhar ainda antes do sol nascer e continuam mesmo após o por-do-sol. Possuem um forte instinto para enxameação e estão sempre se deslocando e dividindo suas famílias. Suas rainhas são mais prolíficas e ágeis e seus zangões mais espertos e velozes. Com todas estas características, foram dominando e vencendo os genes europeus. Desta mistura sucedeu que atualmente não há mais raças africanas ou européias puras no Brasil. A raça de abelhas Apis que aqui existe é chamada de africanizada. São abelhas bem mais agressivas que as européias; porém são mais decididas e produtivas, e estão inteiramente adaptadas ao clima tropical. Resta ao homem que com elas convive estar sempre em harmonia e equilíbrio.

O ninho de Apis não possui estrutura externa própria como o de certas vespas ou outras abelhas. Elas são capazes de construí-lo em qualquer local que proveja proteção e espaço adequado. É muito comum encontrá-las em ocos de árvores, cupins abandonados, grutas ou forros de telhado. Mas elas também escolhem lugares inusitados, como interior de postes, barris ou caixotes abandonados, chaminés ou até mesmo máquinas de secar café. também podem fazê-los ao ar livre, sob troncos de árvores de copa fechada, por exemplo.

Seu ninho é constituído por favos verticais paralelos formados por células hexagonais, chamadas alvéolos. É construído com cera produzida pelas próprias abelhas nas glândulas localizadas no abdômen. A distância entre os favos é precisa: o suficiente para que duas abelhas possam trabalhar costa-a-costa. A área em que se localiza a colmeia é inteiramente esterilizada e impermeabilizada com própolis, uma espécie de resina que a abelha produz de grande poder antibiótico e protetor. Não há espaço inútil no ninho, e tudo é perfeitamente ordenado e limpo. Os alvéolos servem tanto como armazém de mel ou pólen, quanto como cúpula de criação onde a rainha deposita seus ovos, e cada célula pode servir para várias posturas ou tornar-se depósito de alimento, de acordo com a necessidade.

A colônia, em condições normais, é constituída de 60.000 a 80.000 abelhas operárias, uma rainha , e de zero a 500 zangões (os membros masculinos). Colônias fortes podem chegar a ter mais de 100.000 indivíduos no total. Cada uma destas castas possui um ciclo evolutivo próprio que em número de dias pode ser dividido assim:

CASTAS

OVO

LARVA

PUPA

ADULTO(*)
RAINHA

3

51/2

71/2

16

OPERÁRIA

3

6

12

21

ZANGÃO

3

61/2

141/2

24

(*) Total de dias

RAINHA

OPERÁRIA

ZANGÃO

Período de alimentação da larva

5 dias

6,5 dias

6 dias

Operculação da célula

8 (oitavo dia)

9 (nono dia)

9,5 dias

Período de transforma em

ninfa ou pupa

1 dia

1 dia

1 dia

As abelhas operárias fazem todo o trabalho na colmeia. Obedecem a uma divisão de responsabilidade instintiva regulada pela idade e incentivada pelos fatores ecológicos do meio ambiente. Nascem de um ovo fecundado, posto pela rainha em uma célula de tamanho normal e possuem o sistema reprodutor feminino atrofiado de-vido à ausência de rações com geléia real após o terceiro dia de vida larvária. São os membros da colmeia com o cérebro mais desenvolvido. Vivem entre 38 e 42 dias em tempo de trabalho normal, podendo chegar a 6 meses na inatividade, quando vivem em climas de temperaturas baixas. No Brasil é raro um período tão longo de inatividade devido ao clima sempre quente. A divisão do trabalho de rotina é a seguinte:

  • Do primeiro ao terceiro dia, são abelhas faxineiras destinadas à limpeza da colmeia, suas ruas, depósitos e células para o nascimento de novas abelhas. Logo que nascem já iniciam a faina limpando a própria cúpula de onde emergiram;
  • Do quarto ao décimo quarto dia de vida preparam e cuidam da alimentação das larvas e da rainha, motivo pelo qual sôo batizadas de abelhas nutrizes. No preparo do alimento das larvas ingerem mel, pólen e água, e após importantes transformações químicas naturais o alimento é regurgitado para os fundos das células com as larvas carentes de alimento. Nesta idade também produzem a geléia real através das glândulas hipofaringeanas localizada em suas cabeças;
  • Do décimo quarto ao vigésimo primeiro dia, são batizadas de abelhas diretoras ou engenheiras, por ser o período em que dedicam à produção de cera e à construção dos favos. A cera éproduzida através de quatro pares de glândulas es-peciais localizadas na parte inferior do abdômen. Aos vinte dias também defendem a colônia da invasão de inimigos, vigiando a entrada do alvado da colmeia;
  • Do vigésimo primeiro dia até o final de sua existência, as operárias se lançam ao campo, em busca de néctar. Além do néctar também coletam pólen, resinas (que entram na produção do própolis), e transportam água para o interior da colmeia. Nesta fase são chamadas campeiras. Contudo, antes de atingir esta idade, já no quarto dia de vida, as abelhas são capazes de sair da colmeia para vos de re-conhecimento e para buscar água quando necessário.

Estas etapas não são rígidas. De acordo com a necessidade a operária é capaz de apressar seu desenvolvimento ou de retornar a tarefas anteriores, embora nem sempre com a eficiência máxima. Por exemplo, para uma campeira voltar a ser nutriz terá que reativar suas glândulas hipofaringeanas, que neste momento estarão atrofiadas. também em casos de extrema motivação e desespero, na falta de rainha, as operárias conseguem por ovos, que darão origem exclusivamente a zangões. E neste caso a colônia é chamada zanganeira, e estará condenada á extinção.

As operárias são dotadas de vários orgãos para trabalho, como as glândulas citadas acima. Além destas possuem outras glândulas e a vesícula do mel, que é onde se inicia o processamento do mel. Para a coleta de pólen possuem no par posterior de pernas duas “cestinhas”, as corbículas. Possuem também um ferrão com uma bolsa de veneno que serve tanto para defesa da colônia como para outras tarefas no interior da colmeia.

A abelha rainha, também conhecida por abelha mestra ou abelha mãe, é a única fêmea dentro da colmeia com orgãos de reproduzo perfeitamente desenvolvidos. Nasce do mesmo tipo de ovo que origina uma operária, porém este é depositado em uma célula especial, bem maior, chamada realeira, e a larva recebe geléia real durante todo o período de alimentação. Além disso, a rainha é alimentada com geléia real por toda a sua vida.

Após o nascimento, a rainha faz seu primeiro vôo de reconhecimento ao redor da colmeia no quarto dia, e no nono dia realiza o vôo de fecundação. Nos períodos de mau tempo o vôo nupcial tem a sua data condicionada àmelhoria do tempo, deixando, porém, de se realizar após 25 dias, constituindo-se numa rainha com postura de zangões por falta de fecundação. Durante o vôo nupcial ela é copulada por um a dez zangões e o esperma captado é armazenado em uma bolsa especial, a espermateca, o que lhe garante fecundidade para até 5 anos de vida útil. No Brasil o período de vida útil de uma rainha é de aproximadamente um a dois anos. Normalmente ela é expulsa ou eliminada desde que não tenha mais condições de cumprir a sua missão, e neste caso as abelhas já terão preparado uma princesa para substitui-la, como será descrito mais adiante.

A capacidade de postura de uma rainha vai até 3.000 ovos por dia, ou seja, duas vezes seu próprio peso, o que tem relação com a área disponível para postura, condições climáticas e de florada, e com a própria capacidade genética da rainha.

Ela inicia a postura entre os segundo e quarto dias após o vôo nupcial, tempo necessário para completar a maturação do ovário e dos óvulos. Nas células maiores construídas pelas operárias depositará ovos não fecundados, que darão origem a zangões. Nas células normais e, eventualmente, nas realeiras, depositará um ovo fecundado que dará origem a uma operária ou a uma nova rainha.

Geralmente existe apenas uma rainha em cada colônia. Mas, em casos excepcionais, divide o reinado com uma ou mais princesas por alguns dias, até que esteja pronta para sair num enxame e formar uma nova família, quando então uma das filhas passa a ocupar seu lugar.

Os zangões são os indivíduos machos da colmeia. Originam-se de ovos não fe-cundados postos em células maiores que as células de operária. São chamados de haplóides, pois possuem apenas metade dos cromossomos da espécie. Possuem o sistema reprodutor masculino completo. Seu sistema olfativo extremamente desenvolvido é capaz de perceber uma rainha a até 10 quilômetros de distância. Possuem também um sistema ocular bastante desenvolvido. Em contrapartida não possuem orgãos para o trabalho e nem ferrão e seu cérebro é pouco desenvolvido.

O vôo nupcial proporciona uma disputa eliminatória entre os cortejadores da rainha virgem, prevalecendo a lei do mais forte. Quando um zangão alcança a rainha, fecunda-a em pleno ar. então seus orgãos genitais ficam presos nela, e com eles o zangão perde parte de seu intestino, morrendo em seguida.

Os zangões podem viver até 80 dias se as abelhas permitirem, o que depende das provisões de alimento e condições do tempo. São sempre eliminados após a florada e no inverno. Embora aparentemente sua única função seja fecundar uma rainha, e fora isto comportarem-se como um peso morto na colmeia, não podemos julgar a real importância deles na família sem um profundo conhecimento da vida das abelhas.

O equilíbrio em uma colméia de Apis é algo que depende das três castas (rainha, zangão, operária) presentes. Não há individualidade como a compreendemos. Todas as decisões são tomadas por um espírito presente e cada membro da colônia sabe exatamente o que fazer. Se pensarmos na colméia como um corpo uno, cada indivíduo é uma célula. O cérebro deste corpo e os órgãos que o permitem sobreviver, alimentar-se, etc., são as operárias. O centro do equilíbrio ou o centro do corpo, encontra-se na rainha. Uma colméia sem rainha torna-se um corpo desordenado, sem vitalidade e fadado à morte. O ponto de apoio da continuidade da família é o zangão. O zangão é uma presença cíclica indispensável ao equilíbrio fornecido pela rainha.

Dentro de uma colméia nada é inútil, e o que se torna inútil é imediatamente descartado, seja uma operária doente, uma rainha infecunda ou um zangão durante os períodos em que não é necessário. A abelha é um ser que vive integralmente o momento presente. Para ela não há passado ou futuro. Cumpre sua missão sem questionar. É um ser pronto a atender todas as emergências, e numa colméia uma emergência é atendida, sem titubear, por toda a colônia. As abelhas não conhecem o medo e a indecisão. Sua vida é uma permanente glorificação ao Pai.

Na colméia não há repouso. Uma operária começa a trabalhar assim que nasce, e a partir de então não pára. Sua vida de 40 dias é integral. A rainha também não pára. Eventualmente é necessário que diminua o seu ritmo de postura para que seja mantido o equilíbrio, por escassez de alimento ou algum outro motivo. Nesse momento as operárias ficam atentas, pois a rainha impacientemente procura cumprir sua tarefa.

O ciclo da abelha é solar. Ela é uma “filha do sol”. Sai de casa com o nascer do sol, e retorna com o pôr-do-sol. Sua capacidade de orientação depende do sol. Seu relógio interno, precisamente seguido, acompanha o relógio solar. Comparando-as com suas irmãs sociais, as formigas e as térmitas, disse um autor:

  • As Térmitas levam na sombra e umidade sua vida secreta. Seu império subterrâneo se estende por espaços imensos, marcados aqui e acolá por seus robustos ninhos elevados. Elas não saem à luz a não ser para celebrar suas núpcias, e como é próprio dos habitantes da escuridão, sua libré é sombria, esparsamente avivada por poucos toques brancos. Após uma breve fuga, elas retornam para sempre ao seu domínio tenebroso.
  • As Formigas, menos temerosas, necessitam do dia luminoso, mas, privadas de asas, seus horizontes são limitados. Pouco exigentes, elas se contentam com uma alimentação grosseira e se impõem uma severa economia. Algumas dentre elas chegam a alimentar suas larvas com bolotas de dejetos, o que é um cúmulo!
  • As abelhas vivem dentro da vibração luminosa, por entre os perfumes e cores deslumbrantes das corolas. Elas são as mensageiras do amor; seus beijos fecundam as flores que, sem elas, secariam estéreis. Elas escolheram o mais belo e radiante dos domínios, e se nutrem dos alimentos mais raros e suaves. Elas exprimem pelo seu zumbido a alegria de viver e de trabalhar. E o naturalista, escutando-as pelos campos, pergunta-se, assim como o poeta, se elas não são a alma da paisagem, se seus cantos não exaltam a beleza das flores e a vida dentro da efervescente luz do sol.

Considere uma colônia em pleno vigor, populosa, repleta de reservas de mel, com uma rainha forte. Estamos em meados de agosto, quando normalmente aproxima-se a florada da primavera. Neste momento a colônia decide que é hora de se dividir. A  casa está pequena, não há mais espaço para trabalhar, e este é o sinal. Um grupo de operárias começa a construir várias realeiras onde a rainha é levada a depositar ovos fecundados. Passado o período normal de incubação a primeira princesa emerge, e seu instinto básico força-a a tentar destruir as outras realeiras ainda não abertas. A rainha presente também não fica contente com a presença desta intrusa, mas as operárias já decidiram que outras princesas devem nascer, e o objetivo não é substituir a mestra, e sim dividir a família em um ou mais enxames; portanto não permitem as lutas naturais.

Agora que já há princesas, é dado o sinal. Um grupo de operárias dirige-se aos reservatórios de mel e enchem seus estômagos até não caber mais uma gota. Este grupo, normalmente bem numeroso, prepara-se para partir. Por algum mecanismo oculto convocam a rainha para a viagem. Logo sai da colméia aquela bela nuvem de abelhas, a rainha entre elas, e alguns zangões. O enxame não vai muito longe. Pousa em alguma árvore ali por perto, e algumas abelhas mais experientes, na qualidade de escoteiras, partem em busca de um novo local para habitar.

Quando as abelhas escoteiras retornam, há um “conselho” para decidir qual o rumo a tomar. Uma vez tomada a decisão elas partem para um vôo mais longo. O enxame pode ainda parar outras vezes. Às vezes o local escolhido não agrada ao grupo, que então aguarda por ali, para que nova pesquisa seja feita. Se um apicultor tentar colocar este “enxame voador” em uma caixa, ele poderá ou não aceitar a morada, dependendo das informações trazidas pelas escoteiras.

Enquanto isso, a colméia-mãe pode decidir por lançar outros enxames, desta vez acompanhados por rainhas virgens, ou ficar como está. Esses enxames posteriores ao primeiro em geral são menos numerosos e têm menos condições de sobreviver. É muito comum a colméia-mãe ficar com reduzido contingente de abelhas, chegando aos limites de uma extinção, ainda mais que contam com apenas uma chance de rainha, baseada numa das princesas que ficou.

apismilUma vez que este grupo encontra o lugar adequado, começa a construção do novo ninho. As abelhas engenheiras escolhem então o ponto mais central do que puder ser chamado de teto; ali formam um bolo compacto e começam a gerar calor usando a reserva de mel que trouxeram no papo. As abelhas que ficaram no centro da bola encarregam-se de produzir cera, e logo é possível visualizar uma fina folha de cera vertical se formando. Em seguida algumas abelhas iniciam a construção dos alvéolos hexagonais, de ambos os lados da lâmina, seguindo uma intricada arquitetura que aproveita todos os espaços e ângulos da melhor maneira possível. Os alvéolos são construídos de forma a terem uma leve inclinação para cima, evitando que o seu conteúdo escorra para fora.

Concomitantemente abelhas campeiras pesquisam os arredores e coletam néctar e pólen, mais para a própria subsistência, já que o mel que trouxeram não deve ser gasto futilmente, por ser matéria prima para produção de cera. Dentro do novo ninho outras abelhas começam a vedar e purificar o ambiente com própolis. E a rainha impacientemente aguarda sua chance de trabalhar, e o faz logo que os primeiros alvéolos ficam prontos.

Está fundado o novo ninho. Ali impera a ordem e harmonia. A temperatura é mantida em torno dos 36º centígrados. Se faz calor as abelhas o refrigeram batendo as asas e aspergindo água; se faz frio, aglomeram-se e, usando o mel como combustível, geram calor. O próprio mel é um eficiente isolante térmico e ajuda neste controle. A limpeza é constante; qualquer detrito é imediatamente lançado fora e, de preferência, levado para longe da colméia. Intrusos são mantidos afastados pelas guardas; se algum consegue entrar é expulso ou morto e, no caso do cadáver não poder ser removido, é envolto em própolis. Aliás, a questão da segurança é fundamental na colméia. Diante de qualquer ameaça ou ataque a colônia reage como um único ser, de forma uníssona. Cada indivíduo põe-se em sacrifício pelo todo, pois as operárias ao ferroarem perdem seu ferrão, e com ele a vida. As primeiras que acorrem ao sinal de emergência logo avisam às outras através de um sistema sofisticado de alarme baseado em odores característicos. O cheiro do próprio veneno lançado age como sinalizador.

No dia a dia, cada membro da colméia cumpre precisamente sua função. As abelhas campeiras saem cedo, às vezes antes do nascer do sol. Pesquisam os campos ao redor até encontrarem as melhores fontes de néctar e pólen e trazem para a colméia a informação, que passam para as irmãs através de preciso sistema de comunicação corporal. Logo milhares de abelhas estarão fazendo sua colheita. Nas flores, enquanto sugam o néctar, recolhem pólen em suas corbículas. O néctar já começa a reagir com certas enzimas da saliva e em seguida, na vesícula melífera, continua seu processo de transformação em direção ao mel. A abelha carregada, ao retornar para casa, logo é abordada pelas guardiãs, que conferem se ela é da colônia ou não. Caso seja uma estranha, estando carregada, sua entrada é permitida, de outro modo é expulsa. Entrando na colméia, esta campeira passa sua carga de néctar a outra abelha, uma daquelas que cumpre a função de faxineira ou nutriz, que é quem vai depositá-lo nos reservatórios. Neste novo organismo o néctar continua sua transformação, que se completará posteriormente nos respectivos alvéolos. Se a campeira trouxe pólen, ela mesma corre a guardá-lo no lugar adequado para, a seguir, retornar à luz e continuar com seu trabalho.

Durante a coleta a abelha presta outro serviço como “mensageira do amor”: seu corpo cheio de pêlos impregna-se do pólen das flores que visita. Dentro de sua fidelidade à ordem, a abelha continua visitando flores da mesma espécie até que se esgote este manancial. Assim ela vai carregando consigo a semente de vida das plantas e, ao voar de uma para outra permite e agiliza a reprodução e renovação destas. Tão fundamental é esta missão, que há plantas cuja única forma de fecundação é justamente através da visita de um destes seres. Existem espécies vegetais que dependem de um tipo exclusivo de abelhas para este processo.

Na escuridão da colméia as abelhas que ainda não saem vão cumprindo suas diversas funções, mantendo a limpeza, a temperatura, alimentando as larvas e a rainha, desidratando o futuro mel, produzindo cera e própolis. Chegando na metade do dia, quando o sol atinge seu ápice, grande parte das abelhas que estava fora vai retornando, algumas trazendo água. Neste momento o calor vai aumentando e é preciso refrigerar a casa.

Mais tarde, em torno das três horas da tarde, é chegado o momento daquelas abelhas prontas para enfrentar pela primeira vez os ares do exterior realizarem suas “ousadias”. Reúnem-se no alvado (a entrada) da casa e, de repente, uma delas aventura-se num curto vôo. Segue alguns centímetros adiante, sempre voltada para a casa, e logo retorna, alegre pela sua experiência. Em seguida ousa um vôo mais longo, e assim vai, até que se veja dando voltas em torno e acima do local da colméia, executando espirais cada vez mais abertas. Neste momento elas estão gravando em seu cérebro a posição correta de sua habitação e arredores. A experiência é repetida nos dias seguintes até que todos os caminhos estejam memorizados.Então ela está pronta para enfrentar o mundo exterior.

Passado o período mais quente do dia, enquanto a festa do vôo das novatas vai terminando, novamente encontramos as campeiras em sua lida normal, aproveitando até o último instante possível a dádiva divina. O Sol caminha em direção ao poente, sua luz esvai-se aos poucos, e as incansáveis abelhas continuam, quase que aflitas, suas viagens. O Sol se põe. Algumas campeiras ficam para trás. Chegado o frio da escuridão da noite, resignam-se a escolher um abrigo esperando pelo novo alvorecer. Neste clima tropical sempre há calor e, mesmo solitária, a abelha passa bem a noite, apesar de ter os membros adormecidos.

Queen_4Enquanto isso, lá na colméia tem início o período noturno de atividades com quase todos os membros presentes. Se faz muito calor, muitas abelhas ficam de fora da casa, “tomando a fresca”, e as outras vão cumprindo seus deveres.

Há momentos especiais na vida das abelhas, como o que foi descrito inicialmente. Uma ocasião grave é quando elas percebem que a mãe de todas já não tem a mesma energia. Sendo uma família forte, decididamente não se permite enfraquecer. Então concluem que é hora de chamar à vida uma nova rainha.

Numa colméia forte sempre há realeiras em construção: é uma questão de sobrevivência no caso de algum acidente acontecer com a mestra. Sendo esta, porém, prolífica, não é permitido a estas realeiras desenvolverem-se normalmente – a não ser nestas ocasiões especiais. Neste caso, uma rainha cuja energia se esvai é sinal para as realeiras seguirem seu curso. Tendo garantida uma ou mais princesas em formação, é necessário eliminar a velha mãe.

Uma abelha comum nunca ferroa uma rainha; ela sequer lhe dá as costas. Assim elas são obrigadas a usar uma tática “sutil”. Formam uma bola em torno da idosa senhora e ali a vão sufocando até a morte; e a rainha, compreendendo sua sina, não procura resistir. Terminada esta etapa, começam a nascer as novas princesas.

Só pode haver uma rainha na colméia, e a primeira que emerge logo procura as outras realeiras para as destruir. Se duas nascem simultaneamente, lutam entre si, e vence a mais forte. A única sobrevivente segue seu curso normal para se tornar mais uma rainha completa. É interessante que neste momento toda uma família dependa de um único indivíduo para sua sobrevivência. Se a jovem rainha é, por exemplo, devorada por um pássaro durante seu vôo nupcial, sua colméia de origem fica irremediavelmente fadada à extinção.

Como já foi dito, as abelhas Apis não são nativas da América. As abelhas sociais nativas, comumente chamadas indígenas, são as mamangavas, do gênero Bom-bus, e as ditas sem ferrão, pertencentes à tribo Meliponini.

As mamangavas

OLYMPUS DIGITAL CAMERAAs mamangavas podem ser encontradas até nas regiões mais frias do mundo. Dentre as 200 espécies conhecidas, 6 foram descritas no Brasil. São abelhas grandes e importantes agentes polinizadores. Por exemplo, são as únicas capazes de polinizar o maracujá. No hemisfério norte polinizam principalmente o trevo e a alfafa. Convém lembrar que as abelhas em geral não suportam o frio. As abelhas Apis são as que mais conseguiram se expandir pelo globo terrestre, mas mesmo nas regiões mais frias onde sobrevivem podem ficar inativas até por seis meses durante o ano, devido ao frio. Daí a importância das mamangavas, que hibernam por menor período.

As rainhas, representantes da casta reprodutiva, fundam seus ninhos sozinhas. Geralmente aproveitam-se de ninhos abandonados de roedores, fendas de muros ou pedras, ou amontoados de palha junto ao chão. O principal material usado para o ninho é a cera, fabricada pela rainha nas glândulas localizadas no abdômen. As rainhas de outras espécies sociais geralmente não são capazes de produzir cera. Um pote para armazenar mel e uma célula de cria iniciam o novo ninho. A rainha põe ovos nas células de cria, alimenta as larvas que nascem, coleta o pólen, o néctar e mantém o ninho. Logo ao nascer, as primeiras operárias passam a auxiliar a mãe nos trabalhos, seguindo uma tabela de tarefas de acordo com a idade, como nas outras espécies de abelhas sociais. As operárias e a rainha possuem um ferrão muito potente usado na defesa, que pode ser usado várias vezes seguidas sem prejuízo para as abelhas.

A partir de um certo momento a rainha começa a por ovos não fecundados, que darão origem a machos, enquanto que algumas larvas de fêmeas terão sua alimentação reforçada e se tornarão adultas férteis. Então estas novas rainhas serão fecundadas por machos – somente uma vez na vida – e fundarão novos ninhos. Às vezes pode acontecer de rainhas fecundadas retornarem para o ninho de origem e ali conviverem com a mãe. Neste caso estas famílias tornam-se políginas, isto é, possuem mais de uma rainha.

Os meliponídeos

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOs meliponídeos, como são chamadas as espécies da tribo Meliponini, são abelhas sociais encontradas tipicamente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta, e são caracterizadas por apresentarem um ferrão atrofiado que não serve para defesa; daí a designação sem ferrão. Os estudos científicos sobre essas abelhas são recentes e pouco desenvolvidos, ao contrário das Apis. Inclusive há controvérsias sobre como classificá-las zoologicamente.

OLYMPUS DIGITAL CAMERANo esquema da página 2 vê-se uma das classificações adotadas. A superfamília Meliponinae é dividida em três tribos: Trigonini, Meliponini, Lestrimellitini. Das Lestrimellitini, grupo de abelhas sociais parasitas, foi estudado o suficiente.

Mais adiante serão vistas as diferenças básicas entre as outras tribos.

Estas abelhinhas são bastante conhecidas pelos seus nomes populares. Jataí, mirim-preguiça, lambe-olhos, moça branca, irapuá, etc., são exemplos de trigonas; mandaçaia, uruçu, jandaíra, etc., são exemplos de melíponas. Estes nomes mudam de região para região e, às vezes, uma mesma espécie é conhecida por nomes diferentes em vários locais do país. No Brasil são conhecidas cerca de 200 espécies de meliponídeos, com tamanho que varia de dois milímetros (lambe-olhos) a dois centímetros (tiúba; uruçu do litoral baiano).

Na região sudeste uma das mais comuns é a jataí, facilmente reconhecível pela entrada que constrói: um tubinho claro de cera que parece um dedinho. Aliás, uma das maneiras mais simples e segura de reconhecer as espécies de  meliponídeos é pela forma da entrada do ninho.  Entre os meliponídeos há uma grande variedade de comportamentos e hábitos próprios de cada espécie, porém em linhas gerais o padrão seguido pela Apis repete-se aqui. As maiores diferenças estão nos hábitos de nidificação.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOs meliponídeos possuem hábitos de nidificação variados. Geralmente cada espécie tem preferências bem marcadas. A grande maioria estabelece suas colônias em ocos de árvores, apresentando preferências em relação à altura e, às vezes, em relação à espécie de árvore. Por exemplo, a guaraipo faz seus ninhos junto às raízes das árvores, ou na parte do tronco rente ao chão, e por isto é às vezes chamada de pé-de-pau. Na Bahia, encontram-se freqüentemente jataís, moça branca e mirim em coqueiros. Vá-rias espécies também adaptam-se aos ocos encontrados nas casas dos homens ou em paredes, entre tijolos, etc. Há aquelas que fazem seus ninhos subterrâneos, como a jataí da terra, a mombuca e outras. A profundidade do ninho varia de acordo com a espécie, tipo de terreno e sistema ecológico da região, podendo ir de 30 centímetros a 2 metros.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAOutras abelhas sem ferrão não ficam na dependência de ocos, construindo ninhos aéreos. Os ninhos são apoiados numa superfície resistente, ao ar livre, geralmente com uma parede de proteção. O exemplo mais comum é a irapuá, um tipo de abelha daninha da qual falaremos mais adiante.

Existem outras que constroem seus ninhos dentro de outros ninhos de insetos sociais, aproveitando seu calor e umidade. É o caso de espécies que nidificam dentro de cupinzeiros ou de ninhos de formigas.

O material básico usado na construção dos ninhos é o cerume, uma mistura de cera e própolis. A cera produzida pelas operárias é armazenada em pequenos depósitos em locais variados das colônias, geralmente os mais aquecidos. Esta cera é continuamente trabalhada pelas abelhas que a misturam ao própolis, formando o cerume. O própolis, fabricado pelas abelhas à partir de resinas vegetais, também é armazenado em potes e tem funções e propriedades análogas ao própolis das Apis, embora seja mais viscoso. Algumas espécies usam cera pura para as construções. Há ainda espécies que usam barro e excremento de mamíferos para revestimentos externos ou divisões inter-nas. Certas trigonas, como a irapuá, utilizam pedaços de flores e de folhas cortados de plantas vivas como material de construção. Estas abelhas têm predileção particular por brotos de cítricos.

As entradas dos ninhos têm formas diferentes, de acordo com a espécie. As melíponas fazem suas entradas de barro ou de geoprópolis (barro misturado com própolis), geralmente sob a forma de cratera da qual se irradiam sulcos e cristas alternadas. No centro fica o orifício usado pelas abelhas para entrar e sair do ninho, uma de cada vez.

Entre as trigonas os tipos de entrada variam muito. Diversas espécies constroem tubos de cerume, ou mesmo de cera pura, com formas variadas. Uma abelha curiosa é boca de sapo, que tem este nome justamente porque sua entrada feita de barro possui uma forma que lembra uma boca de sapo.

Algumas espécies podem fechar as entradas à noite, mas a maioria dos meliponídeos mantêm-na sempre ou quase sempre abertas. No interior do ninho a entrada dá lugar a um túnel de ingresso, mais ou menos longo, que geralmente desemboca na região dos favos de cria.

As células de cria podem estar dispostas de várias maneiras. Às vezes são simples cachos de células mal ligadas uma às outras, como na moça branca e na lambe olhos. Na maior parte das vezes as células estão justapostas, formando favos compactos. Nestes as paredes de uma célula fazem parte também das paredes das células vizinhas. Os favos compactos podem ter a forma de discos horizontais; outras vezes são helicoidais. Existem tipos de transição entre os favos compactos e os cachos de células. Nos meliponídeos, ao contrário das Apis, as células de cria, e portanto os favos também, nunca são permanentes. Depois que os adultos emergem, as células são demolidas. Pouco tempo depois, novas células são construídas para ocupar o lugar vago. Normalmente os favos, ou cachos, vão sendo construídos de baixo para cima, até reiniciar-se novamente o ciclo.

Em muitas espécies, em torno dos favos de cria existem invólucros de cerume, compostos de uma ou várias membranas irregulares, que servem para conservar o calor.

As abelhas sem ferrão guardam seus alimentos, mel e pólen, em potes de cerume ovóides, redondos ou cilíndricos. Às vezes estes potes são bem grandes se comparados ao tamanho das abelhas. Não há um local específico para estes potes de alimento. Comumente são construídos ao redor dos favos de cria, mas sua disposição dependerá muito do aproveitamento do espaço disponível.

A estrutura hierárquica dos meliponídeos é basicamente a mesma das Apis. As maiores diferenças correm por conta de “sua majestade”.

As rainhas nascem de células iguais às das operárias na tribo Meliponini, e de células maiores, as realeiras – geralmente construídas nas periferias dos favos – nas tribos Trigonini e Lestrimellitini. Aqui temos a maior diferença entre melíponas e trigo-nas. Nas melíponas a diferenciação das três castas presentes tem bases genéticas, ou seja, rainha, operária e zangão são geneticamente diferentes. Nas trigonas a diferenciação se dá como nas Apis.

A rainha recém eclodida das melíponas é do mesmo tamanho que as operárias, mas as proporções corporais e os desenhos do corpo são diferentes. Quando são fecundadas, o abdômen cresce muito, e a rainha torna-se fisogástrica e não consegue mais voar.

As rainhas das trigonas que eclodem das células reais são bem maiores que as operárias. Quando fecundadas seguem o mesmo caminho de suas primas melíponas, ficando fisogástricas.

A interação entre rainhas, operárias e princesas entre os meliponídeos é mais fluida do que nas Apis. Dentre as melíponas as princesas (sempre as há) andam livremente pela colmeia até completarem sua maturação fisiológica. Neste ponto, se não houver necessidade de substituir a atual rainha ou se não se estiver preparando um enxame, estas princesas são mortas. Pode acontecer de alguma sair para o vôo nupcial, retornar fecundada para a casa e aí permanecer por alguns dias, só então sendo eliminada. Há ainda espécies que aceitam mais de uma rainha, como a guaraipo.

Nas trigonas acontece um processo interessante. Quando uma ou mais princesas nascem, podem apresentar uma atratividade especial e logo formam uma corte ao redor. Então a princesa e sua corte constroem uma espécie de “prisão” de cerume ao seu redor, onde a princesa completará sua maturação acompanhada de algumas operárias. Num certo momento a nova rainha virgem abandona o seu refúgio e começa a andar livremente pelos favos de cria, território da rainha-mãe. À partir daí a seqüência do processo dá-se mais ou menos como acima descrito.

Esta maneira de agir, tendo quase sempre rainhas virgens maduras disponíveis, permite às colônias de meliponídeos uma longevidade ímpar no mundo dos insetos sociais, só perdendo para certas espécies de formigas. Sabe-se de ninhos de jataís com mais de 30 anos de existência contínua. Para se ter uma idéia, na natureza uma colônia de Apis localizada por mais de 5 anos em um mesmo local pode ser considerada uma “colônia vovó”.

O trabalho de postura das rainhas nos meliponídeos é semelhante ao da Apis. A maior diferença é que nas Apis as larvas recebem uma alimentação progressiva e suas células são fechadas quando chega a hora da metamorfose em pupa, enquanto que nos meliponídeos primeiro a célula é abastecida de alimento, então a rainha deposita seu ovo sobre este alimento e a célula é fechada.

O processo de enxameação também é um pouco diferente. As etapas que levam à divisão da colônia são basicamente as mesmas entre todas as abelhas. Porém nos meliponídeos a enxameação é progressiva, ou seja a colméia-filha mantém um intercâmbio de material de construção e alimento com a colméia-mãe, até que tenha condições de seguir independente.

Criação de meliponídeos

OLYMPUS DIGITAL CAMERAO processo organizacional dos meliponídeos, não sendo tão preciso quanto o das Apis, dificulta a criação e manipulação destas abelhas pelo homem. Por outro lado elas geralmente são dóceis e inofensivas, e mesmo quando tentam se defender do homem, parecem criancinhas brincando.

A delicadeza e fragilidade de uma abelha indígena exige delicadeza de coração de quem for trabalhar com ela. Mas sempre deve ser lembrado que abelha é sempre abelha, e por menor que esta seja, no seio da família há uma energia própria de grande poder. Portanto esta delicadeza é relativa.

OLYMPUS DIGITAL CAMERACada colônia de meliponídeo é única, e uma técnica usada em uma pode não servir para outra, mesmo que seja da mesma espécie. É sempre um trabalho de paciência abrir uma caixa destas abelhinhas. É muito comum no interior do Brasil encontrar-se nas varandas das casas cabaças penduradas onde foram alojadas abelhas indígenas. O povo rude sabe recolhê-las da natureza e colocá-las em caixas rústicas ou tocos de árvores, tanto para carinhosamente tê-las por perto, protegidas de vândalos, como para extrair seu mel, muitas vezes saboroso e sempre famoso por suas propriedades medicinais.

Devido à facilidade de encontrá-las e retirar o mel – afinal, não possuem ferrão – são abelhas que correm sério risco de extinção, e muito sofrem nas mãos dos chamados “mateiros”. Não possuem a força de suas irmãs maiores, as Apis, e uma queimada quase sempre é morte certa para muitas colônias, pois raramente conseguem fugir a tempo do fogo devastador. Um grande serviço é prestado quando alguém acolhe uma destas colônias, seja numa caixa racional, seja deixando-a em paz no local que escolheu, talvez um canto do muro do quintal.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAAs caixas racionais são de vários tipos, e cada uma tem suas vantagens e desvantagens. O modelo também depende de qual espécie se pretenda alojar. Por mais bem elaborada que seja uma destas caixas, sempre é uma “operação cirúrgica” realizar uma intervenção, pois nunca se sabe ao certo como as abelhas se utilizaram do espaço disponível. A única coisa que se sabe exatamente onde encontrar é o ninho propriamente dito.

Os instrumentos utilizados também lembram uma operação cirúrgica: pinças e facas para manipular o ninho, seringas e conta-gotas para manipular o mel. Comum com a Apis, temos o formão, pois abrir a caixa às vezes é muito difícil devido à própolis. A máscara e a fumaça normalmente são dispensáveis. Porém há espécies que gostam de enroscar nos cabelos e entrar nos ouvidos e narinas; neste caso é aconselhável o uso da máscara. A fumaça pode ser útil também, a fim de mantê-las tranqüilas para sua própria segurança.

P8190025Há meliponídeos que não se prestam à convivência harmoniosa com o homem como a irapuá que, além de daninha, é extremamente agressiva. Seus ninhos são aéreos e ela não aceita caixas racionais. Também não permite que ninguém se aproxime demasiado de seu ninho. Logo que identifica um intruso em seu território acorre às centenas mordendo a pele, enroscando nos cabelos e jogando bolinhas de própolis. Seguramente não é muito agradável tê-las grudadas por todo o corpo. No entanto as irapuás são excelentes polinizadoras de várias espécies de plantas; logo é preciso discernimento ao agir com elas. Além da irapuá há a caga-fogo, que é muito inamistosa, e as abelhas-limão, que são parasitas.

A localização do meliponiário não é tão delicada quanto a de um apiário. Tendo uma flora razoável, um pouco de tranqüilidade, e proteção contra as intempéries, estas abelhas estão bem em qualquer lugar. Pode-se alojá-las em abrigos coletivos: estantes cobertas no jardim ou horta, por exemplo. Se for um lugar frio, cada caixa pode receber uma proteção adicional de isopor ou outro material isolante. É importante também que não estejam expostas ao sol direto durante muitas horas. As caixas podem ser penduradas em varandas ou sob beirais de telhados, locais onde ficam muito bem. Até mesmo dentro de casa podem ser colocadas, desde que disponham de uma passagem sempre livre para o exterior.

Sabe-se que as abelhas existem há pelo menos 42 milhões de anos, pelas pesquisas arqueológicas. Quanto à atividade do homem trabalhando com as abelhas, de acordo com documentos de vários historiadores, a apicultura tem início no ano de 2.400 a.C., no antigo Egito.

Entretanto arqueólogos italianos localizaram colmeias de barro na ilha de Creta com idade aproximada de 3.400 anos a.C. Porém os registros mostram, que o mel já era utilizado desde 5.000 a.C. pelos sumérios.

O grande desenvolvimento da apicultura deu-se, a partir das descobertas de Aristóteles, mas só a partir do século XVII e que deu-se um considerável avanço no desenvolvimento e aperfeiçoamento das técnicas de manejo aconteceu.

Com o surgimento do microscópio, Swammerdam (1637-1680) desvendou o sexo da rainha pela dissecação -que é uma fêmea – (até então supunha-se ser um rei).

  • 1771 Janscha descobriu que a fecundação da rainha ocorre ao ar livre;
  • 1845 Johanes Dzierzon confirmou a partogênese em abelhas cruzando rainhas italianas com zangões cárnicos;
  • 1857 Johanes Mehring produziu a primeira cera alveolada;
  • 1865 Franz Von Hruschska inventou a máquina centrífuga para tirar mel sem danificar os favos.

Lorenzo Lorain Langstroth descobriu o “espaço abelha”, que nada mais é do que o vão entre um favo e outro. Este espaço deve variar entre 6 e 9 mm. A partir daí criou-se a colmeia Langstroth em 1851 que tem o quadro móvel, o qual fica suspenso dentro da colmeia pelas duas extremidades; a colmeia Langstroth é considerada padrão e até hoje é a mais usada em todo o mundo, devido a facilidade no manejo que ela proporciona, e foi a partir dela que se deu o maior avanço na apicultura.

OLYMPUS DIGITAL CAMERADescrevemos no capítulo anterior a vida em uma colônia de Apis. A vida em colônias de outras espécies sociais é essencialmente análoga. Contudo a forma de interação com o homem difere em vários pontos. As abelha nativas do Brasil serão tratadas em outro capítulo. Vamos ver aqui rapidamente como o homem interage com as Apis.

Há milênios o homem tenta criar abelhas a fim de extrair seus produtos, principalmente mel e cera. Até o início do século era um costume, especialmente com as mansas abelhas européias, alojar os enxames em caixas rústicas e cestos de colmo (donde o nome colméia) e deixá-los no quintal. No momento de coletar o material era necessário destruir praticamente todo o ninho. Os favos eram espremidos para se retirar o mel, e a cera, derretida. E a colônia via-se obrigada a reconstruir tudo novamente.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAMuitos naturalistas preocupavam-se em melhorar as condições de manejo das colônias tanto em relação ao homem quanto em relação a elas. Assim foram inventando vários tipos de abrigos para enxames, quase sempre sem muito sucesso. Contudo em meados do século passado um professor de matemática americano, Lorenzo Langstroth, descobriu o chamado espaço abelha e idealizou as colméias que usamos hoje, chamadas Langstroth, standard, ou americana, com quadros móveis e muito confortável para as abelhas e para o homem. Estas colméias são padrão praticamente no   mundo todo.

O que permitiu a racionalização da apicultura – técnica de criar abelhas do gênero Apis – foi a milimétrica organização do ninho. O espaço-abelha é simplesmente o tamanho exato dos vãos que permitem a movimentação das abelhas por entre os favos e outras dependências do local onde está o ninho. Se o vão for maior elas constroem favos, ou estruturas de cera; se for menor elas vedam com própolis. Deixando este espaço adequado entre os quadros – que são molduras móveis colocadas nas caixas – consegue-se forçá-las a construir seus favos dentro deles sem soldá-los entre si ou na caixa. A forma de conduzi-las a construir seus favos “corretamente” é colocando uma lâmina de cera na moldura. Elas encontram a lâmina e orientam-se pela mesma. Estas lâminas podem ainda ser impressas com hexágonos de maneira que as abelhas só precisam elevar as paredes dos alvéolos. As lâminas assim preparadas são ditas lâminas ou folhas de cera alveolada.

As caixas usadas têm também medidas adequadas ao comportamento biológico das abelhas. Langstroth observou cuidadosamente as necessidades de espaço das famílias e conseguiu elaborar uma caixa com volume e dimensões praticamente ideais.

O sistema desta colméia é baseado em 5 partes móveis:

  • um fundo ou assoalho;
  • um ninho, que é uma caixa sem fundo e tampo onde cabem 10 quadros;
  • uma melgueira, que é uma caixa semelhante ao ninho, porém com metade da altura;
  • os quadros, que são de dois tipos, um para ninho e outro para melgueira, com metade da altura do primeiro;
  • uma tampa.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA montagem é a seguinte, de baixo para cima: fundo, ninho, melgueira e tampa. Entre o fundo e o ninho fica uma abertura na frente e uma plataforma de pouso e decolagem: é o alvado. O ninho tem este nome por ser onde normalmente ficarão a rainha e sua prole. A melgueira é onde deverá ficar o excesso de mel produzido e que poderá ser extraído pelo homem sem prejuízo da família. Em certas situações usa-se uma tela entre o ninho e a melgueira para evitar que a rainha faça postura fora do ni-nho: é a tela excluidora, que permite a passagem apenas de operárias. Esta disposição segue o princípio da natureza. A abelha sempre deposita o mel acima e ao redor do local onde ficam as crias, devido às qualidades térmicas deste, que serve como um cobertor.

Uma vez alojadas em caixas racionais e colocadas em apiários, as abelhas tornam-se uma responsabilidade para o homem que as recolheu, e devem ser amorosamente cuidadas e providas de tudo quanto for necessário para seu bem estar.

OLYMPUS DIGITAL CAMERANa natureza à medida que a colméia vai crescendo, necessita de espaço. Um favo que serviu a várias gerações de abelhas torna-se, por vários motivos, impróprio para o uso, e então elas o abandonam. Enquanto houver espaço elas vão construindo novos favos. Uma vez ocupado todo o espaço disponível, toda a colônia parte para outro local.

Nas caixas racionais o homem pode cuidar para que não falte o precioso espaço para trabalho. Nas revisões periódicas podemos substituir os quadros impróprios por novos com cera alveolada ou podemos expandir a colméia colocando novas caixas de ninho ou melgueira, dependendo do caso. E neste trabalho é preciso ter em mente que a abelha necessita do espaço para trabalhar. Uma colméia que se vê sem espaço e, de repente, o recebe, logo demonstra sua gratidão através de um considerável aumento de atividade.

O caso oposto também acontece. Se a flora está escassa, se não há alimento na natureza, o homem é obrigado a suprir as colônias que estão sob sua guarda. É então o momento de adequar o espaço da colméia reduzindo-o retirando uma ou mais caixas. Em épocas de escassez a rainha restringe sua postura, o número de indivíduos diminui, e um espaço muito grande não pode ser cuidado por elas. Comumente é necessário alimentar as famílias. Para isto existem equipamentos próprios, e dever-se-ia sempre usar mel puro para esta finalidade.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAA manipulação das colméias deve ser feita de maneira segura, decidida, harmoniosa e silenciosa. As abelhas são muito sensíveis a cheiros fortes, cores escuras, barulhos e desequilíbrios humanos em geral. Quem for trabalhar com elas deve estar equili-brado em todos os níveis do ser. As abelhas africanizadas do Brasil, em particular, são bastante agressivas, ou melhor, defensivas, e com elas é preciso muito cuidado.

Existem várias ferramentas e apetrechos apropriados ao manejo das abelhas. Para começar o apicultor deve estar corretamente vestido. É indispensável o uso do macacão com máscara, luvas e botas, tudo de cor branca. Além disso ninguém deve ir ao apiário trabalhar sozinho.

O início do trabalho dá-se com o lançamento de fumaça no interior da colméia. Isto é feito com o fumigador. A fumaça deve ser limpa, densa e fria. Seu objetivo é causar nas abelhas um certo sufocamento e a ilusão de um incêndio. Diante desta ameaça elas se preocupam em arejar e casa e preparar a fuga, enchendo-se de mel. Além de ficarem distraídas, com o estômago repleto de mel ficam impedidas de usar o ferrão eficazmente. A quantidade de fumaça deve ser o mínimo para mantê-las controladas, e alguém deve ficar encarregado do fumigador o tempo todo.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAUma vez fumigada a colméia, abre-se lentamente a tampa superior com o formão de apicultor, deixando inicialmente uma pequena fresta para que as abelhas acostumem-se com a luz exterior, ao mesmo tempo que se lança mais um pouco de fumaça por esta abertura.

A seqüência do trabalho dá-se com naturalidade, levantando as caixas que forem necessárias e examinando o interior das mesmas, dependendo do objetivo da manipulação (revisão de rotina, revisão de emergência, extração de mel, etc.).

A observação do movimento no alvado sempre dá indícios claros de como está o interior da colméia. Por exemplo, seja uma colônia forte ou fraca, se há rainha presente, o movimento é ordenado, embora seja mais ou menos intenso. Assim sendo só se deve abrir uma colméia se for época de revisão regular ou se for notado algum comportamento estranho no alvado.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAPara manter a ordem e harmonia no apiário, é necessário dar condições às colônias de se manterem fortes. Portanto sempre se deve estar atento com a qualidade da rainha presente em uma colônia. Uma rainha é boa se seu padrão de postura é regular e constante. Caso seja necessário, o homem deve intervir, pois às vezes uma família não possui iniciativa suficiente para substituir sua mestra. Neste caso uma das técnicas mais simples é a seguinte: localiza-se a rainha fraca ou velha, retira-a da colméia e introduz-se quadros com ovos e crias de até um dia retirados de uma família forte. Notada a ausência da abelha-mãe, as filhas vão logo tratar de puxar uma ou mais realeiras, e possivelmente usarão das crias introduzidas para gerar novas rainhas. Há outras técnicas como a introdução de rainhas já nascidas ou mesmo fecundadas, união das famílias fracas, etc.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAO apiário deve ser estabelecido em um local afastado no mínimo 400 metros de habitações ou lugares onde haja barulho e mal cheiro. Deve estar sempre bem capinado, limpo e ordenado para evitar formigas, aranhas e outros insetos. É preciso que haja água boa por perto e que seja protegido de ventos e poeira. As colméias devem ser protegidas com telhados e estar colocadas sobre estrados comunitários ou suportes individuais a uma altura mínima de 50 centímetros do solo. Assim ficam abrigadas da chuva e do ataque de animais. Uma proteção especial contra formigas também é necessária às vezes. Enfim, é necessário manter as famílias custodiadas rodeadas de toda segurança e conforto possíveis.

OLYMPUS DIGITAL CAMERAComparando estes dois grupos de abelhas, as Apis e os Meliponídeos, não nos cabe dizer qual é mais ou menos evoluído. Cada um tem suas características e tarefas. Mas é evidente que são diferentes. O poder de decisão de uma colônia de Apis é perceptivelmente algo de pri-meiro raio. Todos os seus processos implicam em um desligamento total com o que passou. O exemplo da enxameação é característico. Quando uma família de Apis lança um enxame, este perde toda a conexão com a família-mãe. O mesmo processo em um meliponídeo acontece de maneira gradual, com um desligamento progressivo da colméia-mãe.

Tem-se também o exemplo da ordem. A constituição de um ninho de Apis prevê que todas as estruturas devem ser úteis efuncionais sem superfluidade. Tanto é assim que todos os favos são iguais, e as mesmas células que servem para o nascimento de operárias ou zangões, também servem para armazenagem de pólen ou mel. Nos meliponídeos as células de cria são completamente distintas dos vasos de armazenamento, e além disso aquelas são destruídas e refeitas continuamente.

Aparentemente os meliponídeos trazem em si muito da suavidade dos raios pares, a ponto de algumas espécies permitirem a convivência de várias rainhas, diluindo seu eixo central de equilíbrio em vários pontos. Tal situação é impossível numa colmeia de Apis, sendo a convivência de uma rainha com princesas tolerada apenas nos momentos em que está para haver uma divisão de família ou mudança de rainha. O fluxo energético em uma colmeia de Apis é forte. Sua sensibilidade a energias negativas e desarmônicas é grande. Os meliponídeos comportam uma energia suave, e pacientemente toleram a proximidade de seres desarmônicos, mesmo que “sofram” com isto.

Embora possamos dizer que as abelhas são os mais nobres representantes dos insetos na superfície da Terra, mesmo elas são susceptíveis à degradação do homem. Abelhas como a irapuá, a abelha-limão e outras demonstram que este reino não ficou imune ao negativismo da atual civilização de superfície. Também dentre as Apis encontramos estes sinais. Nas épocas de escassez algumas famílias são comumente levadas a tentar roubar as reservas de outras famílias. E há famílias nas quais o instinto de pilhagem está profundamente arraigado, causando, às vezes, muito transtorno nos apiários.

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