Aliança Brasileira de Jardins Botânicos colhe frutos de parceria com jardins botânicos do Brasil e instituições Internacionais.

Aliança Brasileira de Jardins Botânicos colhe frutos de parceria com jardins botânicos do Brasil e instituições Internacionais.

Várias iniciativas e projetos tocados em conjunto com a ONG britânica fortalecem preservação das florestas e garantem uma biodiversidade de fato na flora brasileira e mundial

Por Tânia Rabello

Uma iniciativa que reúne Jardins Botânicos do Brasil tem rendido bons frutos para essas instituições. Ou melhor, bons frutos, folhas, sementes e, na linguagem mais técnica do segmento, até mesmo exsicatas – que são “inventários” naturais da flora nativa armazenados e conservados de forma apropriada.

A Aliança Brasileira de Jardins Botânicos (ABJB) foi organizada e criada em 2018 e congrega, hoje, 12 Jardins Botânicos brasileiros, em 9  Estados. A partir da ideia de um trabalho em conjunto, organizado de forma horizontal e no qual todos têm a mesma responsabilidade e compromisso, a ABJB não tem presidente, vice-presidente, diretores ou quais quer outros cargos que “hierarquizem” seus membros.

Neste grupo, essencialmente técnico, se trocam experiências comuns, materiais como sementes e mudas, são discutidos desafios regionais e nacionais e desenvolvidos projetos. A ideia, em suma, é fortalecer o trabalho de todos os associados, a fim de fomentar e estimular o objetivo comum a todos: a conservação da flora nativa brasileira em todos os seus biomas.

Conforme o organizador e fundador do Araribá Jardim Botânico – um dos membros da Aliança Brasileira de Jardins Botânicos –, Guaraci Diniz, de Amparo (SP), a experiência tem apenas cinco anos e já está filiada a um parceiro importante: a Botanic Gardens Conservation International (BGCI), ONG britânica que incentiva e fomenta a conservação ambiental ao redor do mundo e conta, atualmente, com aproximadamente 800 jardins botânicos associados em todos os continentes.

 

No âmbito dessa parceria com o BGCI, diversos projetos foram financiados, tendo como representante no Brasil a Aliança Brasileira de Jardins Botânicos. Entre eles, conta o diretor-adjunto do Jardim Botânico da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Helimarcos Nunes Pereira, está a Rede de Troca de Sementes, em que os jardins botânicos associados à Aliança “promoveram treinamentos para coleta e beneficiamento de sementes”, diz. “Houve, também, o envio e a troca de sementes entre as instituições associadas, experiência valiosa em um país com as dimensões do Brasil, em que a logística nem sempre é facilitada”, comemora.

Jardim Botânico Bauru

Outro gestor, Luiz Carlos de Almeida Neto, engenheiro agrônomo e diretor do Jardim Botânico de Bauru, no interior paulista, comenta que a Aliança “trouxe uma perspectiva nova para todos os que participam dela, com a possibilidade de novos trabalhos conjuntos”. E acrescenta: “Redes de Jardins Botânicos existem no mundo todo, mas a Aliança traz uma perspectiva um pouco diferente. Embora ela tenha sido criada, a princípio, como uma base de união para garantir a filiação à BGCI, acabou trazendo, na verdade, também a possibilidade do trabalho conjunto de todos os associados”.  Sob este aspecto, o representante da instituição paulista reforça que, na Aliança Brasileira de Jardins Botânicos, “todos trabalham no mesmo norte, sob a mesma perspectiva”.

Almeida Neto informa que, logo no primeiro ano de filiação da Aliança ao BGCI, um projeto em grupo foi aprovado – com financiamento da ONG britânica, no caso, aquele da rede de troca de sementes mencionado por Pereira, da Paraíba – e também projetos individuais.

Muito além do financiamento de projetos, Almeida Neto destaca que a Aliança traz a “vantagem de trazer e trocar a experiência individual de cada Jardim Botânico, para somar no conjunto, tendo como objetivo final a conservação de plantas”, define. “É uma perspectiva animadora, porque amparada também por uma instituição sólida (o BGCI), que auxilia jardins botânicos no mundo inteiro.”

Guaraci Diniz, do Araribá Jardim Botânico, relata que, por meio da Aliança Brasileira de Jardins Botânicos, já foram financiados dez projetos, um para cada Jardim Botânico associado à ABJB, num valor total de US$ 25,2 mil. “Há também mais dois projetos financiados pela Fundação Franklinia, pelo Global Tree Campaign.”

Além disso, em sua primeira experiência internacional, em dezembro de 2019, a Aliança Brasileira de Jardins Botânicos esteve presente na Colômbia, na reunião de fundação da Rede Sul-Americana de Jardins Botânicos. Na ocasião a ABJB foi representada por Guaraci Diniz, do Araribá Jardim Botânico. Guaraci é, atualmente, o representante, no Brasil da rede sul-americana. “Esta rede sul-americana é coordenada pelo BGCI e tem por objetivo fortalecer o intercâmbio de informações técnicas e de gestão entre todos os Jardins Botânicos da América do Sul, incluindo também o México”, descreve Guaraci. “Mensalmente são realizados encontros entre seus associados, com apresentações temáticas sobre as experiências e pesquisas desenvolvidas pelos Jardins Botânicos de cada país”, continua. “Quatro Jardins Botânicos do Brasil já apresentaram seus trabalhos nestes encontros internacionais, trabalho que só foi possível graças à existência da Aliança Brasileira de Jardins Botânicos.”

Engenheiros florestais Uilian Barbosa e Ana Patrícia Rocha do JB Recife

Ainda no âmbito da Aliança Brasileira, uma equipe com representantes técnicos de diversos jardins botânicos filiados está sendo capacitada e preparada para avaliar e adotar procedimentos corretos, nos diversos biomas brasileiros, iniciativas de restauração ecológica. Esse treinamento, segundo Guaraci, faz parte de um projeto maior, iniciado em 2021 também com parceria com o BGCI. Nesta iniciativa, de caráter global, o BGCI e o fundo inglês Darwin para o meio ambiente pretendem elaborar o Global Biodiversity Standard – uma lista de critérios e procedimentos na conservação e recomposição florestal que garanta a conservação e a ampliação de áreas e incremente, de maneira efetiva, a biodiversidade do Planeta. “O projeto também inclui a participação da comunidade local na preservação e reconstituição de áreas desmatadas.”

Diante de tantas iniciativas bem-sucedidas até o momento, Guaraci afirma que os Jardins Botânicos participantes da Aliança Brasileira de Jardins Botânicos estão “muito estimulados a por em prática todo o potencial de conhecimento e das pesquisas sobre a flora brasileira”, garante. “E, também, colaborar no desenvolvimento de ações que preservem e ampliem nossa biodiversidade.”

Guaraci ressalta, ainda, que a Aliança Brasileira de Jardins Botânicos “está totalmente aberta” para receber mais Jardins Botânicos e colaboradores individuais, num trabalho conjunto, participativo e construtivo.

 

                   

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