Equipe do JBA participa de curso de micropropagação de orquídeas

Equipe do JBA participa de curso de micropropagação de orquídeas

  Aulas foram dadas no viveiro e laboratório da Clonagri, em Artur Nogueira (SP); iniciativa faz parte do projeto de conservação dessas espécies da Mata Atlântica

Por Tânia Rabello

Um peculiar curso ligado à multiplicação e à conservação de orquídeas foi realizado no mês de julho, em Artur Nogueira (SP), e contou com membros da equipe técnica do Jardim Botânico Araribá (JBA). No viveiro e laboratório da Clonagri – pertencente a Jean Marie Veauvy e Cristina Veauvy –, especializado em micropropagação de plantas, os participantes puderam aprender técnicas de multiplicação de orquídeas em laboratório, desde a prática de autofecundação em alguns gêneros de orquídeas, até a repicagem das sementes em cápsulas e meios de cultura, entre outros temas.

O curso faz parte de um projeto do Orquidário Paulino Recch, que está instalado no JBA, de multiplicação e reintrodução na natureza de orquídeas nativas da Mata Atlântica, e a Clonagri é parceira financiadora na iniciativa, que conta também com recursos do Global Fund do Botanic Gardens Conservation International (BGCI), do Reino Unido. O projeto do JBA foi selecionado entre mais de 150 participantes, de 50 países, para receber recursos do fundo global, que distribui 40 pequenas doações, somando mais de US$ 82 mil, voltadas a impulsionar a conservação de plantas, especialmente em jardins botânicos de menor porte.

Segundo o BGCI, o fundo dá preferência a jardins botânicos situados em países em desenvolvimento e em hotspots de biodiversidade – caso da nossa tão devastada Mata Atlântica. O JBA recebeu uma parte dessas doações, com o apoio também do Minnesota Landscape Arboretum Grants, para impulsionar os trabalhos do Orquidário Paulino Recch.

Segundo o biólogo Felipe Feliciani, pesquisador do JBA e participante do curso na Clonagri, o projeto é importante porque “direciona o olhar para um grupo pouco priorizado em projetos de restauração florestal, que são as orquídeas nativas”. “A gente sabe que essas espécies são muito sensíveis e perdem bastante com as mudanças climáticas, então é importante desenvolver projetos voltados à restauração e à conservação dessas espécies”, disse. Para ele, o curso “foi super interessante e serviu para impulsionar os trabalhos de conservação de epífitas (orquídeas e bromélias)”.

Já a engenheira agrônoma Eliana Corrêa Aguirre de Mattos, também participante do curso, observou que, para trabalhar com multiplicação e conservação de orquídeas, “a capacitação técnica é fundamental”. “E a iniciativa foi importante para se obter uma noção bem ampla e geral e saber do que se trata a micropropagação de orquídeas”, disse, assinalando que a Clonagri “é especialista nisso e foi bem generosa” na transmissão de seus conhecimentos.

Eliana lembrou que a Clonagri é um laboratório com décadas de experiência em micropropagação de mudas em laboratório. “Com toda a experiência que têm, eles nos mostraram suas técnicas, fundamentais para obter bons resultados, especialmente com orquídeas”, disse. “Ou seja, não basta só ter um laboratório que funcione; experiência conta demais e tudo isso nos foi proporcionado na capacitação técnica do grupo.”

Além do curso financiado pela Clonagri e JBA, os recursos cedidos pelo Global Fund/BGCI e pelo Minnesota Landscape Arboretum Grants estão destinados a  complementar a compra de equipamentos específicos para reprodução em ambiente controlado das orquídeas nativas da Mata Atlântica, formando mudas que posteriormente serão reintroduzidas em áreas de conservação. “O projeto aprovado prevê, para isso, o treinamento da equipe do JBA, que já começou, e, além disso, trabalhos de educação ambiental para o público em geral sobre a importância das epífitas”, diz o educador ambiental Guaraci Diniz, também do JBA. “A  proposta é identificar, coletar sementes e multiplicar o maior número possível de espécies dentro do Orquidário Paulino Recch, reintroduzindo posteriormente as mudas na mata da reserva que faz parte do JBA.”

O verbo “multiplicar”, aí, também diz respeito à multiplicação de conhecimentos, já que os técnicos capacitados no curso da Clonagri vão repassar os ensinamentos para outros membros da equipe do JBA, ampliando as possibilidades de conservação de epífitas na Mata Atlântica.

Livro sobre Paulino Recch

Ah, e quem ficou curioso sobre o nome do orquidário do JBA, “Paulino Recch”, trata-se de uma homenagem que o JBA prestou ao médico de Amparo (SP), que, desde os anos 1910, atuava como botânico, entomologista, cientista e um grande criador de híbridos de orquídeas do Estado de São Paulo. Em breve, aliás, ele deve ganhar uma biografia, já que o JBA busca patrocínio para esta finalidade.

 

 

 

 

 

 

Galeria de fotos e vídeo das atividades do curso. 

***Clique na foto para ver ampliada!

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