JB Araribá apresenta seu trabalho em evento mundial de jardins botânicos

JB Araribá apresenta seu trabalho em evento mundial de jardins botânicos

Abrangência das atividades de conservação, além de pioneirismo em formar coleções no hábitat natural das plantas, foram muito elogiados na Austrália.
por Tania Rabelo

O Jardim Botânico Araribá (JBA) participou, entre 26 e 30 de setembro, de um importante evento ligado à conservação ambiental em Melbourne, Austrália: o “7º Congresso Global de Jardins Botânicos – Influência e Ação: Jardins Botânicos como Agentes de Mudança”.

O encontro, que reuniu jardins botânicos de todo o mundo, foi promovido pelo Botanic Gardens Conservation International (BGCI), uma associação privada que conta com 800 dessas instituições de conservação em vários países – incluindo o JBA. O objetivo do congresso, segundo o BGCI, foi debater de que forma os jardins botânicos podem desempenhar um papel maior na formação do futuro do planeta Terra.

Com a perda acelerada de biodiversidade no mundo, o aumento da urbanização, o crescimento populacional e as mudanças climáticas, o BGCI entendeu a necessidade urgente de se trabalhar junto com os jardins botânicos em todos os países para encontrar novas soluções para um futuro que já chegou.

O Araribá foi especialmente convidado para participar de um dos painéis, intitulado “Plantas e Conservação da Biodiversidade”, no âmbito do simpósio “Trazendo a biodiversidade e jardins botânicos à vanguarda mundial dos esforços de plantio de árvores por meio do Padrão Mundial de Biodiversidade”.

No painel, o JBA apresentou seu trabalho de restauração ecológica, que vem sendo realizado há mais de três décadas no Sítio Duas Cachoeiras, em Amparo (SP), que sedia o JBA. Nesse período, o reflorestamento com espécies nativas da Mata Atlântica, além da multiplicação de árvores nativas ameaçadas de extinção, já cobre praticamente a totalidade da área do sítio, que hoje abriga também a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Duas Cachoeiras.

Quem representou o JBA na Austrália foi o biólogo Luiz Baqueiro, membro da equipe técnica do Grupo de Estudos e Ações Ambientais (GAEA), gestor do JBA.

Ele conta que apresentou, além do “antes e depois” da recomposição florestal na área do JBA – “Fato que impressionou muitos dos ouvintes” –, todas as iniciativas mais recentes que vêm sendo feitas na região de Amparo, como a multiplicação de sementes, o plantio de mudas e a reintrodução, na floresta, de sete espécies de árvores nativas da Mata Atlântica ameaçadas de extinção: pau-brasil, tataré, ipê-felpudo, cedro-rosa, cedro-do-brejo, jequitibá-rosa e jacarandá-da-bahia. Essas mudas foram multiplicadas em viveiros e plantadas em áreas de conservação do JBA, todos parceiros do projeto.

“Outra coisa que impressionou positivamente os outros jardins botânicos foi que o nosso trabalho de conservação e as coleções botânicas são realizados no hábitat natural das plantas, ou seja, em plena Mata Atlântica”, diz Baqueiro. “Esta prática, que o JBA tem há décadas, está sendo uma tendência mundial entre os jardins botânicos”, continua o biólogo. “Fomos muito elogiados por isso.”

Baqueiro conta, ainda, que os presentes ao encontro ficaram “surpresos” com tudo o que é feito no JBA e a “abrangência do trabalho”, que envolve restauração ecológica, bem-estar humano, arte e cultura, saúde e sustento por meio de uma relação harmônica com a natureza. “Só agora esses aspectos, reunidos, começam a chamar a atenção de outros jardins botânicos”, ressalta. “Mas não podemos nos esquecer de que este é um trabalho feito por muitas mãos, ao longo deste tempo todo.”

O JBA também participou, no mesmo Congresso, do “Dia do Workshop de Educação e Engajamento”, realizado no Royal Botanic Gardens Melbourne, onde foi possível, conforme o biólogo, “trocar experiências no desenvolvimento de projetos educacionais, que é uma das atividades marcantes desenvolvidas no Jardim Botânico Araribá”.

Outro momento do qual o JBA fez parte foi a reunião da ERA (Aliança de Restauração Ecológica), formada por jardins botânicos do mundo todo, incluindo o Araribá. “Foi uma grande oportunidade de contato com outros membros de outros jardins botânicos, que se debruçaram para avaliar o progresso dos objetivos da estratégia ERA (2021 – 2025)”, diz Baqueiro, além do “planejamento de um workshop de liderança para diretores de jardins botânicos, a fim de incentivar mais engajamento na restauração ecológica”.

Professor Stephen Blackmore – Presidente do Conselho do BGCI, Jeannie Raharimampionona – Madagascar Botanical Garden, Rudy Aguilar – Belize Botanical Garden, Luiz Baqueiro Araribá JB Brasil

Baqueiro comenta que conseguiu, com a participação do JBA no evento, “muitos amigos e alguns parceiros”. “Estreitamos laços com os Jardins Botânicos de Nápoles, Belize, Mortom Arboretum (Chicago) e pesquisadores das universidades da Austrália.”(veja galeria de fotos abaixo)

Na semana seguinte, entre 3 e 5 de outubro, o biólogo seguiu para o município de Perth, na Austrália, como convidado a apresentar o trabalho do JBA no encontro do ERA (Aliança de Restauração Ecológica), onde acompanhou uma visita técnica pelo Kings Park (Jardim Botânico e Centro de Pesquisas) para conhecer as atividades e pesquisa de Restauração Ecológica em áreas de mineração no deserto da Austrália, por meio da parceria com o Kings Park.

Para o diretor do JBA, o educador ambiental Guaraci Diniz, além de poder apresentar ao mundo o trabalho do JBA, é importante “jogar luz sobre a Mata Atlântica”. “Não que não seja muito importante preservar a Amazônia, mas a Mata Atlântica, que já foi muito mais devastada que a floresta amazônica e teve importante perda de biodiversidade ao longo dos séculos, costuma ficar em segundo plano no exterior”, ressalta. “Por isso nosso trabalho tem a obrigação de mostrar ao mundo a importância desse bioma, que é um dos mais biodiversos do mundo.”

A participação do JBA nesses eventos não teria sido possível sem o financiamento do BGCI- Botanic Gardem Conservation International, além do apoio do Stanley Smith Horticultural Trust,   Nosso agradecimentos!

                                   

 

 

GALERIA DE FOTOS REFERENTES AS ATIVIDADES DO 7 CONGRESSO GLOBAL DE JARDINS BOTÂNICOS

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